Queridos amigos, minhas queridas.

Em meus escritos muitas vezes alertei que, se não houver uma profunda   mudança de dimensão civilizatória, o mundo, a sociedade, ou a civilização, em que vivemos, caminha na direção de alguma forma de ruptura.

Entendo por mudança civilizatória uma transformação completa na forma de organização e de funcionamento da sociedade, suas estruturas, suas normas, relações, comportamentos, etc.

Cito como exemplo da mais recente mudança civilizatória a passagem da sociedade feudal, organizada ao redor dos castelos, da nobreza, das catedrais e do início do desenvolvimento das ciências experimentais, para esta sociedade na qual ainda estamos vivendo, organizada ao redor das fábricas, dos escritórios, das grandes cidades, do capital concentrado nas mãos das mega corporações e da revolução científica e tecnológica, incluindo a internet, o funcionamento do mundo em rede e muito mais.

 Não foi a primeira vez na história que aconteceram transformações de dimensão civilizatória além dessa, do feudalismo para a idade industrial organizada pelo capitalismo, do Estado, ou das corporações, isto é das empresas, especialmente as multinacionais, nessa era da globalização.

Outras mudanças civilizatórias aconteceram antes em tempos diversos e em vários lugares do mundo.

Dou alguns exemplos: a mudança dos grandes impérios da Idade Antiga, como o Egito antigo ou o Império Romano para o próprio feudalismo, ou muito antes ainda, na pré história, quando o homem deixou de viver nas cavernas, ou na vida nômade, para criar e viver em vilas, origem das cidades e dos  impérios posteriores.

Sempre houve fatores que determinaram essas mudanças-das cavernas para as aldeias, por exemplo, foi a descoberta do uso do fogo e dos metais, dos grande impérios para o feudalismo, foram as invasões bárbaras e o advento do cristianismo, do feudalismo para a era industrial o desenvolvimento das ciências experimentais, a descoberta da máquina a vapor, as grandes navegações.

Hoje não faltam fatos novos de dimensão muito maior que os referidos no passado, exigindo a promoção de uma nova  mudança civilizatória.

 Entre esses fatores posso citar os avanços da Ciência e da Tecnologia , a internet, o funcionamento do mundo em rede e suas consequências, fatores que analiso com mais profundidade em meus livros e em minhas redes sociais, que você pode acessar, digitando em  minha página no facebook por uma  civilização participativa e solidaria, ou em nosso  site, www.participacaoesolidariedade.com.br)

No entanto há uma diferença muito grande entre os fatores do passado e esses de hoje que citei. Aqueles no passado, aconteciam apenas localizados, em determinados lugares ou regiões, e demoravam   séculos, ou até milênios para provocar as mudanças. Os fatores de hoje acontecem globalmente e podem fazer acontecer a mudança   instantaneamente, provocando de  alguma forma o surgimento da nova civilização que, se não a promovermos antes, não saberemos  como poderá  vir a ser.

Quero dizer, ainda, queridos amigos, minhas queridas, que toda mudança civilizatória significa uma ruptura das instituições que regulam as formas de vida características de determinada época ou região. Essas  rupturas,  em geral acabam acontecendo de forma violenta, por meio de revoluções, invasões  de outros povos nas sociedades organizadas, ou de outras formas, conforme a época, sendo que em geral   a   violência é proporcional às resistências que se fizerem às transformações, ou à demora em fazer que as transformações aconteçam. Face aos fatores de mudança referidos , hoje não saberemos como será, a mudança e a civilização, se não a promovermos antes,

Ora, os fatores atuais, anteriormente citados, que poderiam provocar a uma nova mudança civilizatória no rumo de uma nova sociedade justa, sustentável na qual as sociedades e as pessoas poderiam ser promovidas a melhores níveis de vida e de bem estar, na verdade vem sendo usados para concentrar tudo, a riqueza, o poder, o bem estar, nas mãos de um número cada vez menor de regiões, países ou sistemas que dominam o mundo.

 Neste rumo,  os recursos naturais do Planeta são destruídos, a sobrevivência do próprio Planeta como ambiente da vida é ameaçado, os avanços da Ciência e da Tecnologia que deveriam ser utilizados para promover uma nova organização da civilização, justa participativa e solidária, estão sendo utilizados para  estabelecer a desigualdade, a concentração e a exclusão e outros graves desequilíbrios que  estão levando a civilização a alguma forma de ruptura, se não forem modificadas urgentemente e profundamente.

Isto acontece porque as instituições, que ainda são mantidas apesar das mudanças havidas nessa segunda metade do século 20 e início do século 21, são as mesma que foram criadas lá no início da primeira revolução industrial, a revolução da máquina a vapor, nos séculos 17, 18 e 19 e já não servem para a nova Revolução da internet, do mundo em rede, da conquista espacial e do demais avanços da Ciência e da tecnologia.

 Isto tudo considerado a conclusão  é que estamos vivendo num momento histórico em que se impõe uma nova mudança civilizatória, que poderá ser como a desejamos, ou poderá ser simplesmente consequência desses fatores que estão atuando dessa forma selvagem sobre a civilização e que se agravarão na  nova civilização.

 Esta nova mudança civilizatória se impõe, para adequar , para harmonizar, os avanços da Ciência e da Tecnologia e o conjunto dos fatores de mudança, às dimensões humanos, viabilizando a nova  civilização participativa e solidária

Penso que é em função disto tudo, queridos amigos, minhas queridas que alguns me tem  perguntado, angustiados pela dimensão que vem tomando a pandemia do corona vírus, que já matou milhões de pessoas no mundo e ameaça matar outras milhões, que ameaça destruir as economias, principalmente as mais pobres, distanciando-as cada vez mais dos que  se beneficiam  com ela, alguns me tem perguntado, dizia, se isto não pode significar o começo da ruptura, ou da transformação,

A esses tenho respondido que não sei se pode significar o começo da ruptura, mas sei e tenho certeza, que essa trágica pandemia deve ser entendida como um sinal, e um forte sinal, de que a civilização em que vivemos é extremamente frágil, desequilibrada e tragicamente desigual, o que quer dizer moralmente injusta e que, em consequência, precisa urgentemente de uma profunda transformação capaz de restabelecer o equilíbrio entre os países, as  regiões e as pessoas; que respeite o a fragilidade do Planeta, que substitua a exclusão e competição selvagem pela participação e pela solidariedade,  que substitua a concentração e a exclusão pela desconcentração, que substitua a competição e os monopólios dos mais fortes pela cooperação, isto é, se construa a nova civilização sintonizando a justiça e a sustentabilidade com os avanços da ciência e da tecnologia: a nova Civilização que corresponda  às  aspirações verdadeiramente humanas

Que a pandemia desperte em todos, especialmente nos governantes, nos líderes políticos, intelectuais e religiosos, nos líderes da economia, das ciências,das artes e da cultura, a consciência do significado histórico deste momento.

Mas que chame também a você, meu querido amigo, minha querida, a dar sua sua colaboração para o advento da nova civilização justa e sustentável, participativa e solidária. Compartilhe essas ideias com seus grupos com seus amigos. Seja participante dessa transformação, antes que seja tarde,

                                                                De meu retiro na Villa Aurora, um grande abraço.

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