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Como tenho me referido continuamente ao livro Participação e Solidariedade, a revolução do terceiro milênio, no qual se inspirou a Carta por uma Civilização  Participativa e Solidária,…. e embora o livro possa ser encontrado na editora UNISUL(….)ou acessado em PDF nos arquivos do nosso Grupo, me pareceu interessante oferecer um sumário (o que os americanos chamam como “abstract”) das análises das conclusões e das propostas contidas no livro, a fim de que nossas reflexões possam dar um passo adiante no rumo da construção de um mundo melhor: uma sociedade participativa e solidária.

Podemos apresentar o livro em quatro itens.

1-      Os fundamentos antropológicos da proposta.

2-      A visão sociológica e os desequilíbrios do processo.

3-      A dimensão dos desequilíbrios.

4-      Os fundamentos da nova civilização ou da sociedade participativa e solidária.

 

  1. Os fundamentos antropológicos da proposta.

A evolução universal de toda natureza e,em consequência, da espécie humana e de suas circunstancias, constitui um processo onde todas as coisas se tornam, dia a dia, mais complexas, seja a natureza, a sociedade ou o estágio a que atingiu a consciência humana. É a consciência humana que é o instrumento capaz de organizar esta complexidade. Nesse entendimento, a complexidade é o pressuposto da liberdade, e pode-se então dizer que a consciência humana ao ordenar a complexidade ,evita o caos e viabiliza o exercício correto da liberdade.

Desse principio, se deduz que tudo o que diversifica ou promove o pluralismo ou fortalece a diversidade, promove a liberdade ,e se constitui assim em parte essencial da natureza do homem em seu processo evolutivo. Contrariamente tudo o que padroniza , ou unifica as estruturas e os comportamentos humanos, limita a liberdade e por isto contraria a natureza . É o que fazem os sistemas globais e os estados totalitários.

De outro lado, quando a complexidade não é ordenada, se produz o caos ou quando é mal ordenada, produz o desequilíbrio nas sociedades humanas, e como em toda a natureza, se o desequilíbrio não for corrigido a tempo, ele há de crescer produzindo alguma espécie de ruptura. Creio que estamos vivendo em um desses momentos: ou reordenamos a organização social  ou crescerão as crises até nos levar a alguma forma de ruptura.

  1. Visão sociológica ou o desequilíbrio do processo.

A humanidade está vivendo um momento crítico neste processo de sua evolução. Nos últimos 50 ou 100 anos, tomados como referência, a tecnologia produziu mudanças e contribuiu para tornar complexo o processo humano em níveis equivalentes ou maiores do que ocorreram as grandes transformações históricas ou civilizatórias em toda a existência da espécie humana. Mas há ainda outra diferença: no início,as transformações ocorreram em milhões de anos; depois, em milhares ou centenas de anos num processo de aceleração contínua.

As transformações que estão ocorrendo hoje, estão ocorrendo de forma extremamente acelerada, no espaço de apenas uma geração, a nossa. Em consequência desta velocidade, as transformações no campo das instituições, sejam elas politicas, econômicas ou de outras ordens, como nos comportamentos e nas relações humanas, não tem acompanhado a velocidade das transformações da tecnologia, e este descompasso está gerando os desequilíbrios e as crises, que afetam o momento atual em todos os setores: na economia , na politica , na organização social, na ética, enfim, na deterioração da natureza.

  1. A dimensão dos desequilíbrios

Assim as teorias e as normas que regem todos esses setores, sejam elas de inspiração socialista ou de inspiração capitalista em suas diversas formas ,tiveram origem, ainda no século IXX, portanto antes da revolução tecnológica. E em consequência, já não servem mais para esse novo mundo trazido pela tecnologia. Querer que elas permaneçam organizando o mundo ou a sociedade pa quando tinha apenas sete. Essas normas e essas teorias podem ser resumidas nos princípios de competição e concentração,princípios que  geram  a exclusão. Em consequência o poder da tecnologia nas mãos do estado, nos regimes socialistas ou das corporações, nos regimes capitalistas, ampliou esses desequilíbrios, tornando-os globais.

Os desequilíbrios globais ocorrem na produção e no acesso à riqueza, no conhecimento, na posse e no uso da tecnologia, na cultura, e em todos os setores que compõem a civilização ou organização social. Em consequência acumula-se o poder global, unificam-se a culturas e os comportamentos e assim se gera uma nova forma de totalitarismo que assume uma dimensão jamais vista na historia humana, limitando  o espaço da liberdade, o que contraria a natureza do processo humano e de sua evolução. Simultâneamente, e em consequência, cresce em igual proporção e se acumula o número de excluídos no mundo, pessoas povos e naçõe, gerando mais um desequilíbrio global, o desequilíbrio social que em rápido crescimento ameaça a sustentabilidade ou a sobrevivência do próprio processo humano.

 Como poderá ser essa ruptura que nos ameaça?, a guerra, o caos, a destruição do planeta? Não sei, mas sei que o preço que haveremos de pagar se deixarmos que a ruptura aconteça, será   equivalente ao tamanho dos desequilíbrios que deixarmos crescer nesse processo.

  1. Os fundamentos da nova civilização ou da sociedade solidária e participativa

Reequilibrar ou tornar possível a continuidade do processo humano e sua sustentabilidade, implica promover uma transformação ou um salto civilizatório, na mesma dimensão,ou tamanho, do salto havido na tecnologia. Esta é a revolução do terceiro milênio que ainda não foi feita e que nos desafia.

Para que este salto seja possível é preciso perceber em primeiro lugar que a tecnologia que vem sendo empregada de acordo com as normas e as teorias da era pré tecnológica, como vimos: a competição e a concentração nas mãos do estado ou das corporações gerando uma falsa dialética, poderia e pode ser utilizada de acordo com novas normas e novas teorias,   geradas no contexto dos avanços tecnológicos ,sintonizadas com eles, e, portanto, capazes de corrigir os desequilíbrios e de evitar a ruptura que nos ameaça.

Assim, a mesma tecnologia que gera os desequilíbrios através da competição, da concentração e da exclusão, pode gerar seu lugar, a participação e a solidariedade, conceitos éticos que sintetizam e expressam os desejos e as inspirações do que chamo massa de consciência em continuo crescimento no mundo.

Quando falo em massa de consciência, refiro-me à paz, ao respeito à natureza, à promoção dos direitos humanos, enfim à amortização do mundo, conceito este a que vou me referir num próximo comentário.

Dessa forma a desconcentração que visa a participação , e a cooperação que é consequência da solidariedade, constituem instrumentos e estratégias capazes de ordenar a civilização pós-tecnológica, constituindo-se nos instrumentos operacionais da nova ordem social, da sociedade participativa e solidária, capaz de superar as crises e as ameaças que nos rodeiam. Esta nova consciência e sua operacionalização é o grande desafio da nossa geração que se dirige especialmente às universidades e a todos os que pensam e se preocupam com um mundo melhor e mais humano: os comunicadores, os intelectuais, as igrejas e religiões, os dirigentes das nações e a todos que lideram segmentos da sociedade ou de partes que constituem o poder social , no rumo desta participação solidária ou de um mundo amorizado. Esta é a revolução que falta fazer após a revolução tecnológica, e cada um de nós no nível de seus relacionamentos , é responsável por esta revolução, a revolução do terceiro milênio.


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