Esse processo de polarização esquerda x direita que embrutece o Brasil, como aliás ainda ocorre no mundo, ou ao menos em muitas partes do mundo, me lembra o “tcha..tcha…tcha.. antiga dança caribenha que se dançava assim:

            Um passinho pra frente…dois passinhos pra trás…uma passinho pro lado(ou à esquerda)…outro passinho pro outro (ou à direita)…e tudo se repetia :um passinho pra frente…dois passinhos pra trás, e assim sem sair do lugar, ou regredindo um pouquinho cada vez que a dança recomeçasse… continuava a dança…levando a lugar nenhum…

Mas, os processos sociais não deveriam imitar a dança do chá…chá… chá…como está ocorrendo com a disputa pelo poder, ou o debate entre esquerda e direita, mesmo porque os processos sociais são alguma coisa muito mais séria que uma dança, que acaba sempre com um passinho pra frente e dois passinhos pra traz. Repito, que o processo eleitoral, como os processos humanos, não poderiam ser comparados com a dança do tcha,tcha,tcha, ou com qualquer outra dança

Para os que preferem uma interpretação no campo científico, mais que uma comparação meramente figurada dos processos sociais que exemplifiquei com a dança dos passinho pra frente e passinhos pra traz, eu que sou filosófica e sociologicamente um não marxista convicto, mas que não consigo dividir os processos entre os absurdos absolutos, ou os absolutamente verdadeiros ,quero interpretar essa polarização, à luz da interpretação dialética da história, cujo avanço é atribuído ao conflito entre a afirmação de determinada realidade e sua negação pela realidade contrária ou, pelo necessário conflito que acaba por gerar a nova tese, ou para usar a expressão marxista, uma nova síntese, a nova realidade.

O problema do processo brasileiro em que embarcamos, é que ele se resume ao embate entre a esquerda e a direita, ou entre a tese e a antítese, mas que permanece neste conflito, sem capacidade alguma de gerar uma nova síntese, uma nova sociedade diferente da sociedade da esquerda ou da  direita, o novo Brasil pelo qual aspiramos .

É evidente que está faltando quem, nessa dança, dê um passo em frente, aponte para o novo Brasil . Ficamos no passinho pra um lado, e outro passinho pra o outro, dança interrompida no passinho à direita ou no passinho à esquerda, que  pode levar o País, e esta é uma ameaça concreta, a um, ou a dois passinhos atrás, sem que reste a esperança de um Brasil capaz de dar o necessário, corajoso e decisivo passo à frente.

Para retornar à interpretação dialética da história e a seu autor , isto quer dizer que permanecer apenas na luta entre a tese e a antítese, a esquerda e a direita, ou o capitalismo e o socialismo, não abre para o Brasil qualquer caminho na direção de um novo Brasil, de um País transformado pela afirmação de  valores essenciais, valores essenciais contidos na Massa de consciência, capazes de organizar a sociedade, ou a civilização em sintonia com os inevitáveis avanços da Ciência e da tecnologia.

Os que acompanham as análises e propostas apresentadas em minhas redes sociais “por uma Civilização Participativa e Solidária”, especialmente no site www.participacaoesolidariedade.com.br ,sabem que as transformações trazidas pelos avanços da ciência e da tecnologia tornaram ultrapassados os princípios que inspiram a atual organização social. Na verdade, esse princípios, a competição e a concentração, constituem fundamentos comuns aos regimes capitalistas e socialistas, que se diferenciam apenas por seus beneficiários.

Nos regimes socialistas o Estado, e seus burocratas , são os beneficiários da competição e da concentração, enquanto nos regimes capitalistas são beneficiárias as Corporações, ou os indivíduos. Apesar das crises, da selvageria do colonialismo e do imperialismo capitalista, ou do totalitarismo e do imperialismo soviético, apesar da guerra fria ou das guerras mundiais, esses regimes podem ter funcionado no passado, quando as dimensões da Ciência e da Tecnologia tinham um poder limitado e em consequência, atribuíam aos seus beneficiários um poder, ou uma riqueza apenas relativa.

 Essa acumulação do poder ou da riqueza por ser relativa no passado, não chegava a impedir a diversidade e a liberdade dela decorrentes, embora pudesse abranger essa totalidade especialmente nos regimes socialistas extremos, como no comunismo. Nesses regimes, onde acontecia a concentração total, ela acontecia não em função da tecnologia, mas do poder absoluto do Estado.

Hoje o poder da tecnologia alcançou ela dimensões absolutas, considerando-se dimensão absoluta aquela que consegue atingir globalmente as organizações humanas, e não só a organização econômica, mas também a dimensão cultural, política ou de qualquer outra espécie.

Isto quer dizer que a manutenção dos atuais regimes, sejam de esquerda, ou da direita, do capitalismo ou do socialismo com seus fundamentos na competição e na concentração, à medida em que esses regimes dispõem de uma tecnologia absoluta, eles podem concentrar absolutamente tudo, na dimensão global, excluindo tudo o que lhes possa diminuir sua capacidade de concentração. Esta é a ameaça que paira sobre o Brasil nesse momento em que as propostas políticas se esgotam nesse debate estéril por si entre esquerda e direita.

Ampliando para o mundo, esse processo significa simplesmente o estabelecimento do monopólio global pelos que detém o monopólio da Ciência e da Tecnologia, portanto da riqueza e do poder, estabelecendo uma nova forma de totalitarismo absoluto como jamais foi visto na   história humana. O Brasil é parte desse mundo ameaçado.

Entendo que não se há de exigir dos presidenciáveis, ou da sociedade, a consciência clara do processo e do que pode estar em jogo no que parece ser um simples embate natural entre esquerda e direita. Mas é necessário alertar que seu desfecho terá consequências para o futuro do Brasil e seu lugar no mundo, ou na civilização.

É, pois, necessário alertar os políticos, que o debate e o conflito entre esquerda e direita não passam de uma visão ultrapassada, de um mundo e  de uma organização social e  política insustentável, diante de um mundo que será moldado  cada vez mais pelos avanços da Ciência e da Tecnologia e pelo seu uso.

De outro lado, é preciso alertar a sociedade, e na sociedade especialmente as universidades, os que tem o objetivo de organizar novas instituições políticas como os partidos, os que exercem sobre a sociedade alguma forma de liderança, como as igrejas, os artistas, os promotores culturais, os empresários comprometidos em viabilizar uma nova economia humana, é preciso alertar a todos que é hora de construir um mundo diferente.

Um mundo participativo e solidário, ou um Brasil desconcentrado e cooperativo pode ser construído, para que a participação e a solidariedade substituam a competição, a concentração e a exclusão que, pelos caminhos da esquerda e da direita só farão, de passinho em passinho, 
aprofundar as crises em suas múltiplas dimensões, as dimensões econômica, política, ética, ou social.

Trata-se, portanto de oferecer ao Brasil uma nova alternativa, que não deve ser confundida simplesmente com uma terceira via proclamada, mas que não passa de um arranjo médio entre   esquerda e direita, para manter o poder sem transformar em nada, os fundamentos que as sustenta.

Desejo, mais uma vez, convidar meus queridos amigos e queridas amigas, a que acessem as redes sociais, ou meu site, acima endereçados. Ali encontrarão ,aprofundadas e desenvolvidas, as propostas para construção dessa nova sociedade, que será o novo Brasil, onde,(vou repetir) :

– a desconcentração no lugar da concentração, viabilizará a participação da sociedade ,hoje  excluída do poder e dos bens, não só materiais, mas culturais, espirituais, e outros.

– a cooperação no lugar do conflito, viabilizará a solidariedade no lugar da eliminação progressiva dos mais fracos, menos competitivos;

–  e ambas, a participação e a solidariedade, como princípios éticos e a desconcentração e a cooperação, como instrumentos práticos fundamentados nesses princípios, hão de construir o Brasil com que todos sonhamos.

Este dia, estejam certos, virá e sua vinda há de demorar tanto, ou acontecerá tanto mais depressa, na medida exata de nossa participação, minha e sua queridos amigos, nesse processo.

Acessem, leiam sob a forma de artigo, ou vejam sob a forma de vídeos, reflitam, comentem, compartilhem. Quem sabe, algum dos presidenciáveis, ou de suas equipes que formulam seus   projetos de governo, ou mesmo algum político em disputa de qualquer cargo, acessando venham a propor  ou praticar um debate  em favor do Brasil, de acordo com os valores da Massa de Consciência e  sintonizado com os avanços da ciência e da tecnologia, ao invés de patrocinar esse triste espetáculo de um debate estéril, que nada constrói,  além do ódio e da desunião da comunidade nacional.

 De certeza, o Brasil, as novas gerações, serão gratas a nós, a mim e a vocês meus amigos e queridas amigas. Grande abraço.

                                                                                                                                BSB,25/09/2018

Osvaldo Della Giustina

Leave a reply

required

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.