Da Dialética da História e da PROPOSTA de Participação e Solidariedade 

Nos meios intelectuais há certos conceitos que se fixam em interpretações fechadas, ideológicas e às vezes sectárias, que fazem distorcer ou mesmo perder o significado essencial desses conceitos,  diminuindo dessa forma sua importância ou seu  significado e enquadrando seu entendimento em suas próprias ideologias ou nos limite dos próprios preconceitos. 

A questão da interpretação dialética da história é um desses conceitos. Utilizo bastante este  termo, em meu último livro, que deve estar disponível a partir desta semana em edição gráfica em português e também em inglês nas plataformas online. Faço esses comentários dirigidos especialmente aos que vierem a ler e refletir comigo esse livro. Farei ainda outros comentários nas próximas edições… 

Refiro-me ao livro, Por uma Civilização Participativa e Solidária: A PRPOSTA. Esse livro constitui uma síntese de minhas experiências, análises e convicções que foram se aperfeiçoando  durante os últimos 40 anos, tempo em que, de modo especial, me dediquei a escrever, desde o livro A IDADE DO HOMEM-Fundamentos para uma Nova Ordem Social, publicado em 1982.  

Mas posso dizer que na maioria dos 15 ou 16 livros que publiquei desde então, esta questão de uma nova Ordem Social, de alguma maneira foi abordada e sua proposta  se aperfeiçoando e consolidando, especialmente nos livros PROPOSTA CONSTITUCIONAL por uma Nova Sociedade, de 1987, Humanização da Sociedade, A REVOLUÇÃO DO TERCEIRO MILÊNIO, do ano 2.000, PARTICIPAÇÃO E SOLIDARIEDADE, A Revolução do Terceiro Milênio (II),de 2004,e A NOVA UNIVERSIDADE num Mundo em Transformação ,de 2017. 

Nesses livros, à medida em que aprofundava as análises da história, se tornou claro para mim, como as transformações na Ordem Social, ou em seu sentido mais amplo, nas Civilizações, sempre aconteceram pela influência de determinados fatores que, atuando sobre a organização  social dominante e seu funcionamento, deram origem à novas formas da organização e funcionamento da mesma sociedade, ou  seja, a novas formas de civilização. 

Foi assim quando o domínio do fogo no tratamento dos metais, permitiu a utilização do ferro para fabricar utensílios novos, entre eles as armas que permitiram às tribos que dominavam essa tecnologia dominar outras tribos, formar aldeias, vilas, cidades e impérios, sempre novas formas de organização e funcionamento das sociedades, ou de novas   civilizações que por séculos, e no início do processo, perduraram por milênios.  

Os grandes impérios foram se substituindo uns aos outros, em geral os mais fortes dominando os mais fracos, impondo sobre eles seu modo de vida, ou de modo mais amplo, sua civilização.  

Pode ser citado o término dessas civilizações mais antigas com a destruição do Império Romano, quando sobre ele desabaram os povos periféricos que os romanos consideravam bárbaros, enquanto os princípios do cristianismo introduziam novas formas de organização e de relacionamento entre as pessoas e as sociedades, dando origem ao feudalismo a nova organização que durante séculos dominou a história. 

Depois, no contexto do desenvolvimento das artes e da ciência, especialmente das ciências experimentais na Renascença, várias descobertas, entre elas a descoberta da máquina a vapor, consolidou uma nova classe social, a burguesia, que, lenta mas inexoravelmente, desde o auge do feudalismo  vinha acumulando riquezas, ou capitais. 

Essa  acumulação do capital nas mãos da burguesia deu origem a um nova organização social, ou seja,  deu origem, já nos anos posteriores a 1500, a uma nova civilização, fundamentada no capital. Como consequência desses fatores ao redor das fábricas financiadas pelo capital, se formaram as cidades (não mais ao redor dos castelos como acontecia antes), o mundo se expandiu com a travessia dos mares e com o descobrimento de novos continentes, de novas riquezas, novas rotas de intercambio foram estabelecidas num novo Planeta redescoberto.  

O capital se acumulou nas mãos de pessoas, de novas famílias surgidas da burguesia, não mais da nobreza, criaram-se corporações, empresas de caráter global que estabeleceram a era do capitalismo, liberal ou sem controles nem limites, porque as famílias ou as corporações eram livres de agir uma vez que o domínio do capital deu a elas também o domínio do poder. 

Foi essa acumulação ilimitada da riqueza, ou do capital, e como consequência do poder, aliada a abusos de toda ordem, que determinou uma nova vertente de acumulação do Capital, proposta em suas origens por Karl Marx, seu maior ideólogo, segundo quem o capital passaria a ser possuído coletivamente pela população. Esta coletivização do capital aconteceria através do que ele chamou de Ditadura do proletariado que, apossando-se do poder, inicialmente concentraria tudo nas mãos do Estado o qual seria, apenas enquanto necessário, o instrumento desta coletivização.  

No entanto, a Ditadura do proletariado, ou o Estado, ao invés de instrumento da coletivização passou a se apropriar de tudo, concentrando tudo em suas mãos. O Estado ditatorial, além do capital e do poder, passou a apoderar-se do conhecimento, da cultura, da ideologia, de tudo, estabelecendo, na prática, uma nova forma e mais concentrada forma de capitalismo (porque originada da posse do capital) onde o Estado tomou o lugar das pessoas ou das corporações: o capitalismo estatal, comunismo, em conflito com o capitalismo liberal. 

É a este conjunto de transformações  no decorrer da história e à forma como aconteceram que se deve o conceito de interpretação dialética da história, significando que uma determinada situação, chamada   tese, ou afirmação, em face determinados fatores supervenientes, acaba por gerar uma situação contrária, chamada antítese, que a ela se opõe. 

Em nenhum momento da história como este que estamos vivendo, esta dialética, ou este conflito entre uma realidade- o capitalismo das corporações, ou o liberal capitalismo de um lado, e, do outro, o capitalismo do Estado, ou o socialismo, em sua forma extrema, o comunismo, foram tão evidentes. 

No entanto este conflito, também chamado entre esquerda e direita, dentro do conceito da interpretação dialética da história, representa o conflito entre a tese, o capitalismo que chegou primeiro, e sua antítese, o comunismo, ou num sentido mais amplo, o socialismo. O grande erro na opção entre esses dois contrários, a tese e a antítese, ou a esquerda e a direita, ou o capitalismo estatal e o capitalismo liberal, consiste no fato de que essas ideologias, ou essas propostas, imaginam que podem interromper o caminho, a evolução da história, perpetuando-se como organizações imutáveis da sociedade, desconhecendo o mundo mutante a que chegamos. 

Elas, a esquerda e a direita, ou o capitalismo estatal e o capitalismo liberal, imaginam firmar-se como realidades definitivas na qual uma acabará por prevalecer sobre a outra, e ignoram que como nos mostra a dialética da história, é inevitável o advento de uma nova síntese que, ultrapassando a tese e a antítese, a esquerda e a direita, o  capitalismo liberal ou o capitalismo estatal, estabelecerá uma nova Civilização. Sempre foi assim na história, e agora não será diferente, apesar dos que não acreditam ou os que se opõem. Também sempre foi assim. 

Se, como vimos, esta continuidade da história, ou  as transformações da civilização, não acontecem por iniciativa dos modelos civilizatórios existentes, mas acontece por fatores determinantes dessa mudança, é preciso perceber que nunca na história se fizeram presentes  de forma tão ampla e com tal força e velocidade os fatores que transformam a civilização. 

Refiro-me aos avanços da ciência e da tecnologia. 

Mais, É preciso perceber e considerar nesta análise que, paralelamente a esses avanços, existe em todo o Planeta o que chamo de Massa de Consciência, que rejeita a utilização dos avanços da Ciência e da Tecnologia para exacerbar a competição e concentração do capital e de tudo o que  acompanha o capital, como vimos, eliminando de seus benefícios e, por consequência, parcelas da população em crescimento. 

É preciso perceber e considerar também, que essa mesma Massa de Consciência exige a adoção de novos valores, como o respeito aos direitos humanos, a convivência plural e pacífica entre grupos humanos, entre raças, ideologias, culturas, crenças, Estados e Nações; exige respeito e preservação dos recursos naturais e  do meio ambiente, cuja ganancia dos atuais modelos de capitalismo ameaça tornar insustentáveis. 

Essa Massa de Consciência aguarda, ou exige, que suas aspirações sejam transformadas em fundamentos e instrumentos para uma nova síntese, que supere o dualismo da tese e da antítese, ou da esquerda e da direita, viabilizando um passo à frente, uma passo à frente, nada com um centro que não significa coisa nenhuma, um passo à frente como ocorre no processo de evolução da Civilização, ou de continuidade da história e de sua dialética. 

O livro a que me refiro, Participação e SolidariedadeA PRPOSTA – que acabei de editar em português e que em breve poderá ser acessado em inglês em edição online – constitui uma análise e uma PROPOSTA para a construção dessa nova Civilização; uma nova Síntese que supera a tese e sua antítese, ou a esquerda e a direita, ou o capitalismo das Corporações ou do Estado, pela força da Massa de Consciência e das transformações impostas pela Ciência e pela Tecnologia. Sempre foi assim na História e apesar dos que não acreditam ou se opõem. Também sempre foi assim.  

A PROPOSTA, constitui ,pois, um passo à frente , ultrapassando os conflitos entre direita e esquerda, ou entre capitalismo e socialismo ,harmonizando o processo civilizatório, ou seja o mundo transformado pelos avanços da Ciência e da Tecnologia com as aspirações da sociedade, expressos na Massa de Consciência que rejeita os desvios decorrentes do maus uso dos avanços científicos e tecnológicos, e aspira, ou exige novos valores que o livro resume na Participação e na Solidariedade há de fundamentar a nova Civilização desconcentrada, cooperativa, humana de acordo com os  valores, ou os anseios da Massa  de Consciência. 

Acesse, comente e compartilhe. Você poderá ser um construtor da nova Civilização. 

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