A nenhum brasileiro é lícito calar-se ou nada fazer paradenunciar a absoluta falta de ética, de consciência moral ou de senso dejustiça, que representou a sanção pelo presidente Temer do aumento salarial dosMinistros do Supremo Tribunal Federal, que se desdobrará em aumentos em cascatade alguns outros setores, alguns deles já privilegiados da sociedade brasileiracom suas mordomias ,feitas não apenas de auxílio moradia, mas de auxílio saúde,auxilio educação, auxilio  procissão deassessores, de secretárias ,de servidores de cafezinho e outros cargos queformam a colorida corte de algumas dessas categorias, o Supremo Tribunal àfrente, com seus auxílios – carro e motorista, combustível, lavagem ,guarda eauxiliar de vestimenta, de capas e de outros adereços mordômicos, se não fossemcômicos.

Mas, convenhamos, não deve ser atribuída exclusivamente a Temer a desfaçatez. Na verdade Temer apenas encerrou vergonhosamente essa trágica novela aprovada e aplaudida pela Câmara dos Deputados, pelo Senado Federal, todos na perspectiva de virem amanhã ou depois serem julgados pelos tribunais, os mesmos tribunais, ou o mesmo tribunal, que agora beneficiam preventivamente, em seus processos, ou em suas denúncias pelos crimes contra os direitos da sociedade, e nesta condição de possíveis réus de amanhã, manda a sagacidade ou a esperteza, que nada há de funcionar melhor do que a garantia de um pagamento antecipado.

 Mas todo esse percurso constitui apenas uma série menor de  pecados relativos, se comparados ao pecado original da trágica comédia, cometido  pelo próprio Supremo Tribunal e suas justificativas, que aos olhos de qualquer cidadão comum que tenha um mínimo de senso de justiça, ou o senso comum capaz de distinguir entre o certo e o errado , esse cidadão como eu e você, que eles julgam absolutamente idiota, como mostram seus argumentos , que revelam aos olhos de qualquer cidadão sua imensa incapacidade de julgar de acordo com a justiça, ou simplesmente, se dotados dessa capacidade de julgar, revelam sua desfaçatez, ou na linguagem comum, sua” cara de pau”, de apresentar-se diante da sociedade com tais arrazoados. Cito alguns , apenas alguns desse arrazoados, que, evidentemente querendo justificar não significam nada, nenhum argumento minimamente válido em qualquer tribunal que se prese.

– O de que a despesa vai ser sustentada por seu próprio orçamento. Neste caso, se esse aumento buscasse qualquer justificativa, deveria chegar à conclusão óbvia, de que o orçamento do Supremo está ou terá sido superestimado, do contrário não teria condições de absorver uma despesa de mais de 1 bilhão anualmente, injustificável.

– O de que a nova despesa seria compensada com a anulação do auxilio moradia, o que ao invés de justificar a nova despesa, simplesmente comprovaria que o auxilio moradia era desnecessário, por isto  criminoso porque pago com recursos públicos, da sociedade, meus e seus. A aceitar esse argumento se estaria justificando um crime simplesmente fazendo cessar outro crime. Aliás, num raciocínio meramente financeiro, todos sabem que o auxilio moradia não representa mais do que uma  pequena parcela da nova despesa decorrente do criminosos aumento…

– O de que o aumento de 16% simplesmente estaria recuperando perdas dos últimos 4 ou 5 anos, na qual se estaria aplicando os mesmos índices aplicados em outras categorias. Mas não percebem, vejam o tamanho da ignorância, da desfaçatez ou da “cara de pau”:

 Aos que ganham o salário mínimo, hoje pouco mais de 1 mil reais,16% de aumento soma dos aumentos concedidos em 4 ou 5 anos, representa algo em torno de 160 reais, enquanto que, aplicados os mesmos 16% sobre os 33 mil reais dos ministros do Supremo, vai representar um acréscimo de mais de 5 mil reais. 160 de um lado,5.mil de outro, ainda que os dados sejam aproximados, são absolutamente válidos vistos sob a perspectiva da justiça e não meramente da aritmética.

Alguns, enfim, buscam justificar a lisura do Supremo alegando que 4 ministros teriam votado contrariamente a esse aumento. Ainda que tivessem, não o fizeram com a devida veemência, com a devida denúncia contra seus pares, mas apenas através de argumentos macios e em votos através dos quais imaginam justificar-se diante da opinião pública, ou, de toda forma, certos de que não iriam impedir o prosseguimento do mesmo processo do qual seriam beneficiários.

Mas, ao invés de diminuir a culpa dos culpados por esse absurdo aumento da despesa pública que beneficia os mais beneficiados da sociedade brasileira, num momento em que o País se esforça em sair de uma recessão que o obriga a cortar benefícios, e que, em consequência, nega ao povo o acesso aos benefícios, ou direitos fundamentais da maioria absoluta da sociedade brasileira ,esta deveria ser a denúncia absoluta, imperdoável.

Por este motivo, sob o aspecto econômico, também é imperativo denunciar a insensibilidade de quem deveria estar atento em acolher as reivindicações do povo e promover o bem comum  da sociedade, ao contrário, preocupa-se em primeiro lugar com o seu próprio bem sem qualquer limite e, mais grave ainda, embora esteja criando obstáculos, e  até pondo em risco, o esforço comum suportado para recuperar e desenvolver o País.

Porém mais grave ainda do que a questão financeira, devem ser considerados os aspectos éticos, quando se analisa essa trágica novela à luz da justiça social. É de conhecimento de todos que o Brasil ocupa um dos primeiros lugares no mundo em termos de desigualdade social.

Esta infeliz decisão amplia essa este vergonhosos recorde. Assim, sob o aspecto salarial, cuja diferença era, antes, de pouco mais de trinta vezes quando comparados os maiores salários do serviço público, o dos Ministros do Supremo, com o salário mínimo do povo brasileiro, essa  decisão eleva a diferença, para  quase 40 vezes, mesmo sem considerar que a renda de parcela significativa da população brasileira que não chega a 1 salário mínimo.

Só para dar um índice, a desigualdade salarial média em 30 países da OCDE está em torno de 20, segundo aquela instituição. No Brasil estamos elevando ao dobro esse índice, chegando a 40 pontos, consumada a tragédia, Para isto não há justificativa perante qualquer critério de justiça , sejam quais forem as explicações, as artimanhas, ou os dados maquiados que sirvam de argumento

Sob o aspecto meramente econômico, agrava-se o perigo de  ampliar a  ameaça da insustentabilidade da economia brasileira e, especificamente, contribui para o agravamento do déficit das contas públicas, o que quer dizer, concretamente, dos investimentos em saúde, em educação, em segurança, em infraestrutura, isto é, contribui para aumentar a ameaça sobre a possibilidade de construir um Brasil viável, humano, solidário e participativo, ou simplesmente de construir o Brasil que desejamos para nossos filhos, ou para as próximas gerações.

Por isto repito, insisto, proclamo, que nenhum brasileiro pode dar-se ao direito de não manifestar sua indignação de alguma forma, a forma que estiver ao alcance de cada um, inclusive, dobrando, decuplicando, multiplicando as 2.milhões e quinhentas mil assinaturas apostas nas redes sociais, condenando esse criminoso processo, inspirado pelo Supremo Tribunal Federal aprovado pela Câmara dos Deputados e pelo Senado e sancionada pelo Presidente da Republica , cujos titulares, Ministros, Deputados ,Senadores e Presidente, desconhecem a Justiça e viram as costas aos anseios e às manifestações do povo brasileiro. Se não pagarem  nos tribunais em algum dia que há de vir, responderão no mínimo diante da história.

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