ESTRANHO SER
De meu livro , Roteiros para o Centro do Mundo
Eu penso, logo existo, do filósofo Descarte e citado em todo mundo, ainda hoje 400 anos depois. Vou, pois, interpretar o texto de que se existo é porque penso, e concluo:
Quando me é tirado o dom de pensar me é tirado o dom de viver. Viver, entende, não como vive o gato, o cachorrinho de madame, o elefante ou o mosquito da dengue. Refiro-me a viver como gente, como ser pensante e consequente como ser humano, e que, na capacidade de pensar se caracteriza como ser diferente, diferente de tudo quanto existe neste universo.
Penso também, que viver como ser humano é o pressuposto de ser capaz de pensar como pensar é a capacidade criar, ou fazer, aquilo que não existe, aquilo que nenhum outro ser pode fazer existir a não ser o ser humano, nós, eu e você, nós, seres humanos. Assim, porque somos capazes de pensar, é isto que nos faz participar do ser espiritual, sem tempo, sem espaço, logo, sermos seres eternos.
Não. Ser espiritual, não é a mesma coisa que ser virtual, como é a internet, o celular, o Instagram, a inteligência artificial. A Inteligência humana é mais, muito mais. A inteligência humana é a criadora da internet, do celular, do Instagram, da inteligência artificial. Faço, pois, uma relação :
Por isto a Inteligência humana é como se fosse o deus de todos, de tudo o que é virtual. Por que é seu criador .
Ela, a inteligência humana , que nos faz pensar, que nos faz existir como seres humanos, só tem acima dela, o que ela tem não igual, mas semelhante, Ele mesmo o disse :a minha imagem e semelhança ,o Deus Criador que nos criou como nós criamos o mundo virtual, só como uma diferença: Ele, o Deus Criador nos fez do nada, nos fez à sua imagem e semelhança, porque como Ele, somos capazes de pensar. A partir do nada. Ainda que limitados.
O problema nos vem, quando invertemos a equação, quando nos submetemos ao mundo virtual, nossa criatura, ao celular, à internet, ao Instagram, à inteligência artificial..
Então tudo vira de cabeça para baixo e perdemos tudo o que nos faz humanos. E o penso logo existo, deixa de ter sentido. Em vez de sermos humanos, seres espirituais, nos transformamos em criaturas virtuais, feitas à imagem e semelhança da máquina, servos da inteligência artificial, do Instagram, do celular.
Convidando você a pensar, caro amigo, querida amiga, recito o poema, Estranho Ser, de meu livro Roteiros para o Centro do Mundo, publicado em 1999 pela Academia Catarinense de Letras, na série Coleção ACL que divulga Escritores Catarinenses.
Estranho SER