A PROPOSTA E O MISTÉRIO : UM LONGO CAMINHO
Caros amigos, queridas amigas
A origem deste livro A PROPOSTA em favor de uma Civilização Participativa e Solidária. Está sendo complementado, agora em edição com O MISTÉRIO DE TUDO, a partir das Ciências Experimentais e da Filosofia à Revelação e à Fé, não surgiu da inspiração de um momento , ou por um acaso, de uma inspiração caída do céu.
Minha dedicação ao estudo da Civilização, de sua organização e sua evolução para um novo futuro, se iniciou com meu curso de filosofia na década de 1950,portanto a cerca de 70 anos, no Seminário Superior de Viamão, no Rio grande do Sul e concluído na PUC, Pontifícia Universidade Católica de Porto Alegre.
Eram os anos de década de 1950, e a cada dia crescia mais minha preocupação com as novas tendência e ideologias que começavam a transformar a realidade ,no rumo de criar um mundo, a meu ver cada vez mais injusto, desumano e insustentável, concentrando a ciência e a tecnologia, a riqueza e o poder nas mãos de poucos ,grupos, países e corporações multinacionais, aumentando, como consequência o processo de exclusão ,fenômeno que acontecia não só no Brasil e na América Latina, onde se iniciavam movimentos revolucionários, especialmente na América Central, mas de múltiplas formas, no mundo.
Enquanto isto na África se iniciavam os movimentos de libertação das colônias africanas, submetidas à exploração desumana e racista dos países Europeus ,cujos tentáculos se espalhavam também para a Ásia e outro recantos do mundo, que permitiam à Inglaterra vangloriar-se de que “o sol não se punha nos domínios de Sua Majestade.” Devia penitenciar-se(ao invés de orgulhar-se.)
Meus estudos básicos e, especialmente, o aprofundamento dos estudos da filosofia, me demonstravam que a concentração e a exclusão, não poderiam ser o caminho de criar uma sociedade justa e humana, uma civilização diferente, ou enfim, um mundo novo, sobretudo face ao desenvolvimento da ciência e da tecnologia também concentradas, e da realidade das populações excluídas que podiam ser vistas, ou vividas ao redor de minha realidade, como no resto do mundo.
Aprofundando-me na filosofia e simultaneamente estudando o suficiente de Marx, Lenin e outros próceres do marxismo, de um lado, e de Adam Smith, Schumacher, Keynes e outros, de outro lado, e tendo concluído por seus equívocos, teóricos à luz da filosofia, e práticos, à luz do que estava acontecendo no mundo bipolarizado entre as duas ideologias, optei por me aprofundar na proposta alternativa da doutrina social cristã, proposta esta de origem da Igreja Católica.
Na verdade se impôs para mim, esta doutrina social, que se fundamentava em suas origens longínquas na Mensagem de Jesus Cristo. A partir dessa origem, e mais recentemente, analisando os novos tempos, esta doutrina definiu seu entendimento diante das relações sociais em mudança, especialmente nas Encíclicas Rerum Novarum – A Respeito da Coisas Novas, do papa Leão XIII em 1891,e na Quadragesimo anno ,de Pio XI ,em 1931,portanto depois da primeira guerra mundial e suas consequências no mundo.
Firmei-me, assim fundamentado na doutrina social da Igreja, superando as propostas do marxismo em suas diversas expressões, como do capitalismo, também em suas diversas expressões.
Assumi, essa opção, que levei , em fins da década de 1950,ao meio estudantil, através da União Estadual de Estudantes do Rio Grande do Sul, que eu presidia ,como na União Nacional de Estudantes, onde se degladiavam as duas correntes extremas: a tendência marxista e a tendência capitalista em suas diversas ramificações.
Na década seguinte, de 1960,até a extinção dos partidos pelo regime militar atuei nos meios políticos, através do Partido Democrata Cristão, fortalecido na ocasião pelas análises e definições do Concílio Vaticano II e as novas encíclicas por ele inspiradas, especialmente as Encíclicas Mater et Magistra, do Papa João XXIII e a Populorum Progressio, do papa Paulo VI, em 1973 e 1978, respectivamente. Tinha para considerar, ainda, como prova evidente da viabilidade prática dessa doutrina, a reconstrução pela Democracia Cristã, da Alemanha e da Itália, arrasadas pela segunda guerra mundial
No Brasil,o Regime Militar, que a partir de 1964, por 2 décadas silenciou o País, de toda forma me deu a oportunidade de retirar-me por um ano,1979, para dedicar-me a estudos na Escola Superior de Guerra, período em que, após mais de 20 anos de atividades profissionais exercidas em diversos níveis, me deu a oportunidade de aprofundar e sistematizar meus estudos e experiências , oportunizando reflexões e debates sobre os rumos da nova sociedade.
Meus rumos propostos acabei por expor em meu trabalho de final de estudos, sob o tema Direitos Humanos e Segurança do Estado, um tema ainda sensível para abordagem no período militar, embora já entrado, o regime, numa estratégia de abertura para reinstitucionalizar o País.
Retornando à minhas atividades funcionais, e face também à repercussão daquele trabalho nos meios militares, publicado que foi na Revistas Defesa Nacional, do Estado Maior das Forças Armadas, resolvi ampliar aquelas análises, o que me inspirou o livro A IDADE DO HOMEM, fundamentos para uma nova Ordem Social, que deu origem, como veremos, a toda minha bibliografia posterior, que desembocou quase 40 anos depois, nos dois livros recentes citados no início: A PROPOSTA e O MISTÉRIO DE TUDO.
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Retornando ao início, quero dizer que o título do Livro A IDADE DO HOMEM se justificava de imediato por uma pergunta significativa e desafiadora:
”Já existiu na história dos homens a Idade da Pedra, a Idade do Ferro, a Idade Antiga, a Idade Média e Moderna, a Idade da Fé, a Idade da Ciência, a Idade do Capital. Existe o anúncio da Idade tecnotrônica, ou da Idade Cósmica.
Por que não, como alternativa, a nova Ordem Social da Idade do Homem, simplesmente ?”.Isto em 1980.
E, numa afirmação da coerência da proposta com as transformações do mundo novo que se iniciava, com o homem na lua, com o computador se transformando em rede, com a bipolarização entre o mundo capitalista e o mundo comunista, o livro, para surpresa de muitos, transcrevia, ao invés dos economistas ou cientistas em voga, John Lennon, dos Beatles, que resumia as angústias das novas gerações e a esperança na construção de um mundo diferente, ou que ansiavam por uma nova Civilização:
Imaginem todos participando o mesmo mundo
Você pode dizer que eu estou sonhando.
Mas eu não sou o único.
Espero que um dia você se junte a nós
E o mundo acabará por ser um só.
Nos 20 anos seguintes, em livros meramente literários, e outros de questões técnicas voltadas a temas de ordem social, a questão da nova Civilização retornava sempre e quero me referir especialmente ao livro REFLEXÕES SOBRE A EDUCAÇÃO em sua primeira parte que é dedicada a analisar o cenário do mundo em mudança e ,especialmente , na segunda parte na palestra preparada para ser pronunciada por ocasião do Primeiro Colóquio Mundial sobre Educação Permanente num Mundo em Mudança, realizada no Canadá.
Em sua análise do Cenário do mundo, o livro alerta que, numa perspectiva de dimensão global…nesta era da eletrônica, ou da informática, ou de liberação do átomo, ou da engenharia genética, as coisas cresceram muito mais do que o homem e o homem já não sabe lidar com elas, repetindo na realidade o que aconteceu na fábula, ao aprendiz do feiticeiro.
Identificando neste fenômeno verdadeira disritmia entre a velocidade do desenvolvimento das coisas em relação à lentidão do desenvolvimento do homem, e o livro lança um SOS pela salvação do mundo::
É neste mundo diferente que o homem está perdendo o domínio desse processo e, por isto, é preciso lançar um grito de alerta, quase um brado de socorro, vigoroso e angustiante, diante desta ameaça: que o homem tome consciência não só da crise viver, mas das raízes da crise e da dimensão, ou desafio do momento que lhe é dado viver.
A questão retorna em vários momentos no livro ,mas o faz de forma específica, a esses dois temas que o ligam e fundamentam às propostas dos posteriores livros, como se verá.
Assim na palestra preparada para o Colóquio Mundial do Canadá, publicada no livro REFLEXÕES SOBRE A EDUCAÇÃO, a questão da concentração como origem da disritmia afirma:
“a inviabilidade do mundo pelo excesso de concentração e, em consequência pelo excesso de pobreza(a exclusão) a resposta seria uma nova teoria de desenvolvimento onde os investimentos deveriam ser desconcentrados mais em função do homem e, portanto, mais bem distribuídos de modo que esse investimento desconcentrado viesse a ser prioridade sobre os investimentos concentrados, ou concentradores, que ampliarão a crise global, apesar dos aparentes resultados.
Em seguida sobre a questão da disritmia entre a velocidade com que cresce e se transforma a tecnologia e a lentidão com que se desenvolve o homem(e por consequência as instituições),o livro afirma:
A disritmia que distorcem na sua estrutura essencial, o processo de crescimento ou mesmo de evolução da humanidade(ou da civilização),a resposta é acelerar os mecanismos de fazer com que o homem (e suas instituições) evoluam mais rapidamente para diminuir o “gap” trazido pela rapidez das outras mudanças, as mudanças tecnológicas que evoluem mais rapidamente
E adiante:
Para superar esse impasse o caminho alternativo estaria na desconcentração, que viabilize a participação de todos- as saciedades e suas instituições, os grupos e as pessoas, aos processos produtivos, de modo que a riqueza fosse efetivamente distribuída a partir de sua geração porque “ninguém distribui a riqueza concentradamente gerada”, digo em A IDADE DO HOMEM, e isto é um axioma. Estávamos entrando na década de 1990.
Vê-se nesses parágrafos, e haveria muitos a transcrever, que a semente da nova Civilização Participativa e Solidária, ou Desconcentrada e Cooperativa estava plantada, gerava suas raízes e seriam seus próximos passos seu cultivo e seu fruto ,oferecido, o fruto, numa visão do que fazer de imediato, mas, como veremos ,de como orientar o processo a seu objetivo futuro, num outro tempo,além do tempo previsível.
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Considerados todos esses precedentes, a proposta da Nova Civilização, a Civilização de um mundo Participativo e Solidário, começou a se delinear como uma nova teoria de desenvolvimento social, especialmente a partir do ano 2.000 quando publiquei Humanização da Sociedade: A REVOLUÇÃO DO TERCEIRO MILÊNIO, seguido em 2004 por PARTICIPAÇÃO E SOLIDARIEDADE: fundamentos da nova Civilização, viabilizando como estratégia prática a organização da nova sociedade baseada nos fundamentos da Desconcentração e da Cooperação que deverão substituir a Competição e a Concentração, fundamentos, ainda, da atual ordem social.
A realidade do mundo, com esses fundamentos, às vésperas do terceiro Milênio, mostrava com suficiente evidência a exclusão em escala crescente, tornando-se cada dia mais concentrador de tudo pela força da ciência e da tecnologia, também concentradas na mãos de um número cada vez menor de corporações ,pessoas ou países que as monopolizam e manipulam.
Esse monopólio, que além, e em razão da Ciência e da Tecnologia, monopoliza também a riqueza, o poder, a cultura e o modo de pensar e agir das pessoas, introduzindo sorrateira e inconscientemente para a absoluta maioria da população, uma nova forma de ditadura, agora global, sem perceber que, paralelamente, está construindo sua própria insustentabilidade pelo desequilíbrio global, que é analisado no livro Humanização da Sociedade: A REVOLUÇÃO DO TERCEIRO MILENIO, publicado no ano 2 000 e seguido em 2.004 por PARTICIPAÇÃO E SOLIDARIEDADE, a Revolução do Terceiro Milênio (II) .
No entanto, me pareceu que o excesso de números, gráficos e estatísticas, acabariam por empanar a teoria de desenvolvimento social e para tornar mais nítida e compreensível essa teoria social nele embutida, publiquei em 2019 uma Síntese desses estudos: Por uma Civilização participativa e Solidária, A PROPOSTA ,que completei neste ano de 2021,com O MISTÉRIO DE TUDO, das Ciências experimentais e da Filosofia ,à Revelação e à fé, com o qual creio ter concluído a série.
O MISTÉRIO DE TUDO, elevando a teoria à sua dimensão transcendental, que é sem dúvida, o pressuposto da dignidade humana, evidencia que as Ciências Experimentais, a Filosofia, a Revelação e a Fé, são formas de conhecimento, e de vida, que se complementam e completam na construção da nova Civilização.
Esta nova Civilização, Participativa e Solidaria, por sua vez, haverá, de levar a Civilização ao estágio superior de uma Civilização que, apropriando-me da expressão do antropólogo Teilhard de Chardin , denominei Civilização Amorizada, isto é, fundamentada no Amor, principio e fim de todas as coisas, do Universo e de tudo o que nele existe, incluída a espécie humana, Consciência de toda a criação.
Este é um processo do qual estamos ainda longe de chegar a seu objetivo, a Civilização amorizada. Nesse processo, estamos num momento onde a nosso esforço será para nos levar-de uma sociedade competitiva, concentradora e excludente ,para uma Civilização Participativa e Solidária, que fundamenta a nova teoria social de uma sociedade organizada de forma desconcentrada e cooperativa. Esta forma ,enquanto desconcentrada há de viabilizar a participação e a diversidade, pressupostos da democracia e da liberdade, e enquanto cooperativa, se constituirá na semente da sociedade criação da.
Sei que este ainda é um caminho longo, porém inevitável e talvez o único capaz de garantir a sobrevivência da Civilização, e dar sentido aos avanços da Ciência e da Tecnologia, nos indicando uma Alternativa de resposta ao que tantos se perguntam:
alguns se angustiando diante do futuro, mas outros, crescendo na esperança para onde nos há de levar o poder da tecnologia e a velocidade das transformações
A todos, no entanto, não pretendo mais do que, que esta proposta de uma teoria social diferente, sirva de bússola a indicar o rumo na busca de uma nova civilização participativa e solidária, mais humana ou amortizada, e digo isto porque mais importante do que alcançar o objetivo é caminhar em sua direção e a cada dia dar mais um passo que nos aproximem dela. .
Digo isto, porque todo esse histórico, quase uma vida, me dá segurança de que há sim, o para o futuro, que a esperança não é uma utopia inalcançável, mas que, ao contrário, ela, a esperança, é o caminho seguro para a sobrevivência e para o prosseguimento do processo humano, individual ou civilizatório, no caminho da evolução, que constitui a essência da criação, até nos fazer retornar ao Criador, como indivíduos ou como civilização;
Una-se a nós. Reflita conosco. Comente se desejar. Compartilhe com seus grupos e com seus amigos e seguidores. Você estará ajudando as pessoas e a sociedade a caminhar pelo caminho seguro na construção do amanhã.
Grande abraço.
OSVALDO DELLA GIUSTINA