Serie: Conteúdo e dimensão da PARTICIPAÇÃO E SOLIDARIEDADE (4 TÓPICOS)
Queridos amigos, queridas amigas.
Creio que tenho tido alguma dificuldade em expressar exatamente o conteúdo, ou o significado da expressão PARTICIPAÇÃO E SOLIDARIEDADE, apresentada também como POR UMA CIVILIZAÇÃO PARTICIPATIVA E SOLIDARIA
Com o objetivo de deixar o mais claro possível vou postar, em 4 tópicos, a que dei o título geral de CONTEÚDO E DIMENSÃO DA PARTICIPAÇÃO E DA SOLIDARIEDADE, o significado de nossa PROPOSTA, convidando a vocês, meus queridos, a que me acompanhem, e se desejarem, comentem, mas sobretudo peço que compartilhem, que é ,acredito, o compartilhamento, sua melhor e mais preciosa colaboração nesse esforço comum para construir um mundo melhor, mais humano, mais participativo e mais solidário.
São os seguintes os tópicos para os quais convido sua especial atenção, acessando a cada um deles, ou a todos sequencialmente.
1-Participação e Solidariedade como expressão do amor humanitário, ou da caridade cristã.
2-Participação e Solidariedade como proposta de transformação dos Sistemas sociais que concentram e, concentrando, excluem.
3-Conteúdos essenciais da Participação e da Solidariedade.
4-As crises que ameaçam a sobrevivência da Civilização e o desafio posto pela proposta por uma nova Civilização Participativa e Solidaria
Tópico nº 1- PARTICIPAÇÃO E SOLIDARIEDADE como expressão do amor humanitário, ou da caridade cristã.
É muito comum, inclusive entre meus amigos que seguem nossas redes sociais, atribuir a expressão participação e solidariedade, apenas um significado restrito, muito louvável, muito importante , muito virtuoso e muito necessário, especialmente numa sociedade como a nossa, onde tantas pessoas sofrem, vítimas de tanta injustiça, de tanta exclusão, de tanto sofrimento, consequência de condições de vida sub humanas de grande parte da população, no Brasil e no mundo.
Essas pessoas , continuam sem acesso à alimentação adequada, à educação e à moradia dignas, situações frequentemente agravadas pelo descaso do poder público em relação à saúde e ao atendimento de outros direitos fundamentais da cidadania e, ainda, de tantas pessoas, às vezes vítimas de desastres naturais e de outros acidentes, que atingem tantas famílias, e tantas comunidades.
Diante dessas condições, e nessas ocasiões de tanto sofrimento, é grande o número de pessoas se dedicam de forma exemplar a ações solidárias e participativas, ajudando, contribuindo com tudo o que podem para aliviar tanto sofrimento!
Esse trabalho, essa forma de participar e de ser solidário, é necessária e louvável ,constitui uma virtude de especial dimensão humana e cristã e às vezes assume dimensões verdadeiramente heroicas, a tal ponto que podem ser consideradas expressão de verdadeira santidade, uma santidade que ultrapassa o simples misticismo, ou a simples compaixão pelo próximo que sofre, para expressar a plenitude dos mais belos sentimentos humanos e da capacidade que têm esses sentimentos de gerar as mais nobres ações.
Dessa verdadeira santidade podem ser dados como exemplos, a Madre Tereza de Calcutá, ou a Irmã Dulce, a santa brasileira da Bahia, ou a Doutora Zilda Arns, em sua dedicação até à morte, para salvar tantas crianças da miséria e da fome no Brasil e no mundo. Cito esses exemplos, da mesma forma como poderia citar tantos outros exemplos humildes e desconhecidos em sua humildade, mas que fazem do acolhimento ao próximo a razão de suas vidas.
Em meu livro PARTCIPAÇÃO E SOLIDARIEDADE, refiro-me à pesquisa feita pelo IBGE, à época da primeira edição do livro, portanto há quase 15 anos, na qual 47% dos entrevistados declaravam dedicar-se no mínimo 4 horas por mês a trabalhos voluntários, gratuitos, trabalhos em favor do próximo necessitado. Traduzido esse percentual em números pode-se concluir que em torno de 100 milhões de brasileiros dedicam-se a atividades perfeitamente caracterizadas como de participação e solidariedade
Se esses números puderem ser transferidos para o mundo global, poderíamos afirmar com segurança, que em torno de 3 bilhões de pessoas no mundo, quase metade da população mundial, de alguma forma, se sensibilizam pelas necessidades humanas, praticam ações participativas e solidárias.
Isto permite afirmar que essas pessoas são parte importante da Massa de Consciência, que cresce no mundo em torno dos valores da justiça, dos direitos humanos, da fraternidade universal, da igualdade e da paz, consequência, a paz, desses valores, fruto que são da convivência múltipla e harmônica entre pessoas, raças, povos, confissões religiosas, origem, cultura, e da própria consciência , que também cresce ,em favor da preservação do Planeta
Diante de tantas atitudes, ou fatos, expressão da caridade, ou da bondade de tantas pessoas, pode-se afirmar que, sem dúvida um mundo novo e diferente, uma nova civilização organizada numa dimensão participativa e solidária, começa a acontecer em escala global, apesar de tantos que não percebem, apesar de tantos que percebem mas, podendo fazer, nada fazem e de alguns que simplesmente se opõem às necessárias mudanças.
Mas o conteúdo, ou o sentido de nossa proposta por uma Civilização Participativa e Solidária, ou simplesmente a expressão Participação e Solidariedade, envolvendo isto tudo, vai muito além, e é essa dimensão MUITO ALÉM ,QUE VEREMOS NO TÓPICO SEGUINTE.
Módulo 2º-PARTICIPAÇÃOE SOLIDARIEDADE como mudança dos Sistemas sociais que concentram e, concentrando, excluem.
Meus queridos, minhas queridas.
Apesar de tanto trabalho de caridade e promoção social a que tantos se dedicam no Brasil e no mundo, como vimos em nosso post anterior , há duas perguntas que não podem calar:
-Se existe tanto amor, tanta solidariedade entre as pessoas, independentemente de tudo, de suas circunstâncias ou de seus atributos, por que continua existindo tanta injustiça no mundo, como no Brasil, tanta exclusão, tantas guerras e conflitos, tanta desigualdade, tanta insegurança?
-Será que vale a pena lutar por um mundo melhor, mais humano, mais participativo e solidário, se todo esse esforço solidário não tem conseguido transformar o mundo? Por quê o mundo- ou o Brasil, não se transformam?
Meus queridos, queridas amigas:
Estou seguro em afirmar que essa contradição que perdura e que parece intransponível, é consequência da permanência de modelos de organização, ou Sistemas sociais, políticos, econômicos, de ciência e tecnologia, e de outras fatores, que continuam atuando ,em favor de uma competição selvagem, que elimina os mais fracos e faz concentrar a riqueza, o poder, enfim, os bens produzidos no mundo, num número cada vez menor de pessoas, grupos ou países.
Essa continua concentração impede que esses bens sejam produzidos e disponibilizados de forma minimamente equitativa entre todos, ao mesmo tempo em que produz de forma crescente, a exclusão dessas pessoas ,desses grupos de pessoas, de regiões e de países inteiros, dos bens e dos benefícios do desenvolvimento que a ciência e a tecnologia permite produzir .
Assim, enquanto as ações participativas e solidárias, inspiradas no humanismo, ou na caridade cristã a que me referi no primeiro tópico dessa série ,conseguem, apenas em conta gotas, tirar da miséria e da exclusão os que nela estão, ou estão sendo lançados, os modelos, ou Sistemas de concentração que ainda dominam o mundo, continuam jorrando, em borbotões, novas camadas de miseráveis, sem trabalho, sem renda, sem condições humanas de vida.
Esses modelos concentradores e excludentes constituem o modo inerente de ser tanto dos Sistemas capitalistas às vezes chamados de direita, como nos Sistemas socialistas, também chamados de esquerda. A diferença entre eles consiste apenas no fato de que nos Sistemas socialistas os bens se acumulam nas mãos do Estado, enquanto nos Sistemas capitalistas se concentram nas mãos de pessoas ou corporações.
Nessa perspectiva, é importante perceber, que em relação às nefastas consequências da permanência desses Sistemas, também não há grandes diferenças na concentração do poder decorrente da concentração dos bens. Dela, da concentração do poder, decorrem as ditaduras, sejam da direita, quando com inspiração no capitalismo, sejam da esquerda quando, tem sua origem nas formas extremas do socialismo.
Por isto também, é uma ilusão trocar um Sistema pelo outro, a direita pela esquerda, ou vice versa,o capitalismo pelo socialismo, também vice versa, como fica evidente para quem tem olhos para ver o que tem acontecido no mundo, na Rússia, na China, em Cuba, ou na Alemanha de Hitler, no Chile de Pinochet, no Brasil dos militares, ou na Venezuela de Chaves e Maduro.
A solução, portanto, não é por aí, pelas propostas da esquerda ou da direita.
É necessário, que a Participação e a Solidariedade, incluindo, mas indo além das ações humanitárias, ou de caridade cristã, ultrapassem as propostas de esquerda e direita, ou capitalistas e socialistas, e inspirem novos modelos de organização e funcionamento da sociedade novos sistemas sociais.
A superação desses Sistemas por um Civilização Participativa e Solidária, constitui e conteúdo essencial de nossa Proposta, originada no Livro Participação e Solidariedade e sintetizada na Carta por uma Sociedade Participativa e Solidária, documentos que a embasam e, por consequência, inspira nosso Site e nossas redes sociais.
É esse conteúdo que vamos analisar no próximo tópico e para o qual peço alguns minutos de seu precioso tempo querido amigo, minha querida
Módulo 3º : Conteúdos essenciais da proposta da PARTICIPAÇÃO E da SOLIDARIEDADE
Queridos amigos e queridas amigas
Vimos no módulo anterior como os Sistemas sociais vigentes baseados na competição produzem a concentração que exclui e ameaça a sustentabilidade da civilização em que vivemos No entanto, como é necessário, mas não é suficiente, praticar o assistencialismo humanista ou a caridade cristã, também não basta fazer a denúncia, como geralmente se faz, em relação à injustiça e à insustentabilidade desses sistemas concentradores e excludentes. Eu mesmo me alinho entre tantos que denunciam a insustentabilidade desses sistemas concentradores e excludentes.
Mas é preciso ir além e esta é a contribuição de nossa proposta para vencer essa gravíssima situação.
Nesse sentido e para que sejam ultrapassados esses Sistemas, é necessário mudar os instrumentos institucionais concentradores e excludentes, as estruturas, as leis e os procedimentos que continuam produzindo a concentração, e introduzir novos instrumentos institucionais que viabilizem os novos conceitos, novas estruturas, novas leis e procedimentos, ou seja, novos modelos ou Sistemas de organização e funcionamento da sociedade fundamentados nos princípios da Participação e da Solidariedade:
– a Participação que inspire formas desconcentradas de organização social no lugar da concentração que inspira os atuais Sistemas que ameaçam a sustentabilidade do mundo ;
– a solidariedade, que inspire formas cooperativas de funcionamento da sociedade no lugar da competição que concentra excluindo, milhões de pessoas no Brasil e bilhões no mundo.
Isto é possível.
É possível e deverá acontecer e existem razões suficientes para ter segurança, mais do que apenas esperança, de que isto acontecerá, apesar dos que não acreditam que seja possível mudar, dos que descreem da mudança, ou dos que se opõem a ela, como foi dito.
Em primeiro lugar acontecerá por consequência do crescimento contínuo e consequente pressão da Massa de Consciência, que a cada dia irá exigir as mudanças com mais urgência e com força cada vez maior.
Na história, as massas, embora de natureza diferente em cada tempo, as massas operárias ou camponesas, os montanheses da Revolução francesa , os povos bárbaros ou periféricos que destruíram o Império Romano, e assim por diante, sempre cumpriram esse papel, e esse papel será igualmente cumprido hoje, pela Massa de Consciência, não mais formada por armas ou multidões mobilizadas fisicamente mas um novo conceito de massa, adequado ás transformações ocorridas em consequência do refinamento da ciência e da tecnologia : a Massa de Consciência em torno de valores como a justiça, a paz, os direitos humanos, a preservação do planeta, o pluralismo e a convivência pacífica,valores que resumo na Participação e na Solidariedade
Em seguida é importante perceber que cresce cada vez mais o número de organizações e organismos nacionais e internacionais que se conscientizam da inviabilidade da manutenção de um modelo de organização e funcionamento da sociedade ultrapassado, incompatível com as transformações trazidas pela moderna ciência e pela tecnologia.
Nessa linha pode ser citada, a própria ONU e seus organismos como a Unesco, a Fundação Europeia pela Cultura da Paz, a criação e o crescimento da União Europeia, um sistema de cooperação impensável ainda no século passado, quando a competição entre os mesmos países produziu duas guerras mundiais que teve como saldo mais de cem milhões de mortos.
Acontecerá porque, em todo mundo, líderes políticos, e escolho para citar entre eles ,Barack Obama, ou Emanoel Macron, e antes deles Mikail Gorbachov ,Nelson Mandella, ou Mahatma Ghandi , que plantaram(esses) ou estão plantando(aqueles) sementes de uma civilização diferente;
- também líderes religiosos como o Papa Francisco e Institutos que congregam ecumenicamente várias religiões e seus líderes, outros movimentos sociais como o da Educação por uma Cultura da Paz, e dezenas de outros
– algumas universidades, igualmente, que começam a superar seu conservadorismo e a rotina de debater e ensinar as teorias e as soluções do passado;
- intelectuais que se multiplicam no mundo e a cada dia criam novos laços de articulação em favor da transformação desses valores em instrumentos concretos de organizar e fazer funcionar a nova civilização, capaz de sintonizar as dimensões humanas, com os avanços da Ciência e da Tecnologia;
– enfim, há setores empresariais de caráter econômico e outros, começam a perceber a inviabilidade de manter os desequilíbrios no mundo e buscam ações, nem sempre com a necessária profundidade mas talvez procurando justificar-se ou buscando sua própria sobrevivência no mundo em mudança.
Há de ser o aprofundamento dessa articulação em favor dos valores da Massa de Consciência e com o apoio dos que compõem essa imensa força social, de cada um dos que a integram, portanto também seu e meu apoio, queridos amigos, que a mudança acontecerá e poderá acontecer da forma e no momento mais inesperado porque é assim que acontece com as forças sociais, e tanto mais acontecerá agora com a globalização da tecnologia. O importante, porém, é que a mudança não venha acontecer de qualquer forma sem objetivos claros e com muita clareza sobre como alcançá-los, para que a mudança não venha a significar um retrocesso como seria o fortalecimento, ou o retorno às propostas apresentadas cegamente pela esquerda ou pela direita voltadas para manter o passado e não para construir o futuro.
É preciso perceber, meus queridos, que essa mudança em favor de um novo mundo, mais humano, mais participativo e mais solidário já está acontecendo e é nesta percepção que toma forma toda a importância de sua participação!
Veremos isto no próximo tópico.
Tópico 4º- As crises que ameaçam a sustentabilidade da Civilização e o desafio da proposta por uma nova Civilização Participativa e Solidária .
Concluindo essa série quero dizer ainda, que a necessidade urgente da mudança, ou da substituição dos atuais Sistemas sociais, por um nova ordem social baseada na Participação e na Solidariedade, não constitui um sonho romântico mas constitui, sim, uma alternativa de sobrevivência da civilização.
É preciso perceber meus queridos que estão crescendo as crises que afetam o mundo, em consequência, como disse, do descompasso entre as transformações trazidas pelos avanços da Ciência e da Tecnologia e a manutenção de uma ordem social que foi proposta, e até funcionou nos tempos da pré tecnologia, ou das tecnologias simples que antecederam a explosão da ciência e da tecnologia que estamos vivendo : o mundo em rede, o poder global, a inovação e as mudanças tecnológicas acontecendo em processo continuo e crescente.
Não me refiro apenas à crises de ordem econômica e financeira. Refiro-me também, e sobretudo, às crises de dimensão ética e social, o crescimento da exclusão e da fome, a invasão crescente das legiões de refugiados, expulsos pela violência de suas terras de origem, da doença, da fome e da miséria, fruto também das condições subumanas a que foram condenados por séculos de domínio e escravidão.
Refiro-me também, à insegurança e ao terrorismo que encontra no mundo da insatisfação e da descrença nos Sistemas, sobretudo das novas gerações, o terreno fértil para crescer, como me refiro ao crescimento das tensões localizadas e de outras formas de conflitos de interesses de toda ordem que ameaçam o mundo de uma nova catástrofe de proporções apocalípticas, que os meios diplomáticas brevemente não terão condições de evitar.
Enfim é preciso dizer que também ameaça a civilização o agravamento das condições ambientais e das mudanças climáticas que põem em cheque a sobrevivência do Planeta e de todas as formas de vida, inclusive da espécie humana, ameaçando tornar a Terra um planeta estéril e vazio.
Tenho plena consciência, caríssimos, do tamanho do desafio.
Sei da tentação de cada um de sentir-se, ou dizer-se pequeno e inútil, face à dimensão do problema e dos desafios da proposta de construir um mundo humano, uma CIVILIZAÇÂO PARTICIPATIVA E SOLIDARIA, sim, refiro-me à tentação de sentir-se alguém que em nada pode contribuir na construção desse novo mundo.
Não, meu querido, minha querida, se cada um não se dispuser a dar sua contribuição, por menor que seja, ainda que seja apenas um grão de areia nessa imensa construção, se não o fizer, cada um está dessa forma justificando a ausência daqueles que, podendo fazer muito, também nada estejam fazendo.
Na verdade, o dever de contribuir de cada um se limita ao espaço de que cada um dispuser. Mas de atuar na dimensão desse espaço, ninguém pode sentir-se dispensado, porque cada um é parte da Massa de Consciência do mundo, ou da civilização e, portanto, operário na construção desse mundo melhor mais humano, mais participativo e mais solidário.
Talvez deva penitenciar-me pela franqueza com que me permiti esse alerta, e ainda me permito, de coração, convidar a todos vocês, queridos amigos e amigas, a que acessando os vídeos dessa série “Conteúdo e dimensão da Participação e da Solidariedade” ou lendo-os sob a forma de artigo, em nosso Site WWW.participacaoesolidariedade.com.br ou em nossas redes sociais, reflitam, comentem, compartilhem, e difundam ,repito, no espaço de que cada um dispuser.
A todos e a cada um de vocês, queridos amigos, meu abraço.
Osvaldo Della Giustina