Queridos amigos, minhas queridas.

De meu retiro em minha chácara, acompanho o desenrolar dessa crise da pandemia que, da mesma forma como a peste negra caía sobre as aldeias medievais dizimando sua população, hoje cai, a pandemia, sobre a nova aldeia global, a aldeia em que se transformou o mundo globalizado.

Com a mesma velocidade com que a peste negra se alastrava na aldeia medieval, esta, a pandemia, embora sem iguais índices de letalidade graças aos avanços da Ciência e da Tecnologia, paralisa esta imensa máquina que a faz girar a aldeia de hoje, globalizada e globalmente interdependente.

Minha chácara, onde, aos 83 anos, cumpro a  quarentena  imposta pela pandemia às pessoas de risco, seis hectares do cerrado, onde não falta uma bela fonte de água que se derrama das fendas do lençol freático, protegida por uma bela mata de cobertura de onde se origina o Córrego da Aurora, afluente do Rio Paranoá, que deságua no Rio São Bartolomeu afluente do Rio Grande, que deságua no Rio Paraná que, com os Rios Uruguai e Paraguai, forma o Rio da Prata ,cuja bacia banha mais de 100 milhões de pessoas, o solo com suas riqueza de  superfície e de subsolo, de 4 países, enfim uma das grandes reservas da natureza  no mundo.

Era assim que eu explicava a importância daquela fonte e, através dela, de toda natureza do mundo, às crianças  das escolas da região, mais de 5 mil crianças, que durante 3 anos participaram de um programa de educação ambiental, que teve lugar nesta chácara, meu abrigo.

Explico.

Há mais de 40 anos, quando a adquiri, a chácara ficava no “fim do mundo”, para usar a expressão popular. Hoje ela está rodeada pela expansão da cidade de Brasília, que a explosão demográfica desordenada, à qual se somaram os interesses imobiliários, fez acontecer nesses 40 anos. 

No entanto, meus amigos, minhas amigas,50% da chácara,3 ha., a fonte, a mata, o córrego, o cerrado , foram preservados desde o ano 2.002 quando por decisão e solicitação de minha família ”um compromisso da família Della Giustina com as futuras gerações ” como ficou gravado no marco que delimita a área, obteve do Ministério do Meio ambiente ,através do IBAMA, seu reconhecimento como-Reserva Particular do Patrimônio Natural, a que damos o nome,  de RPPN Córrego da Aurora, evidentemente uma pequena  em homenagem a minha esposa, ou à mãe de nossos 5 filhos, comprometidos com a preservação da natureza..

Nesses 20 anos se evidenciou o aumento da preservação da fauna e da flora nela existente enquanto que, ao contrário do que acontecia antes, não mais ocorreu a ameaça de falta ou  diminuição da água da preciosa nascente.

Faço esta introdução, queridos amigos, minhas queridas, fruto de uma das tantas reflexões ensejadas por esta quarentena imposta pela pandemia, reflexão que se tornou necessária  face à evidencia da diminuição dos gazes de efeito estufa, responsável pelo aquecimento global que ameaça a sobrevivência da natureza e do Planeta,  diminuição devida à paralização de atividades poluentes praticadas pelo homem irresponsavelmente, sem qualquer controle e sem qualquer limite e cuja paralização também foi imposta pela  pandemia.      Porque seria necessária uma pandemia da dimensão da que está ocorrendo, para ficar demonstrado que é possível preservar a natureza?

Digo isto porque os dados de que disponho neste momento são referentes ao mês de março, portanto antes que a pandemia atingisse seus picos. Esses dados mostram que a emissão desses gazes ,diminuiu neste período, cerca de 50% em Nova York, mais de 25% na China, coberta já há mais de 10 anos, como registro em meu livro Participação e Solidariedade, por uma nuvem de poluentes que cobrem o pais desde as grandes cidades do litoral até os estremos limites do Afeganistão. 

Números semelhantes de  diminuição de  emissão de gazes estão ocorrendo na Europa e no restante do mundo, à medida da difusão da pandemia. O mundo poderia ser outro. Quando o mundo, as autoridades do mundo, os empresários, os dirigentes das nações, vão se convencer de que um mundo melhor, um mundo limpo, uma atmosfera respirável, pode ser construído ?

Não posso deixar de fazer uma referência à beleza do azul das águas dos canais de Veneza, patrimônio universal da humanidade, normalmente tão cinzentas, mal cheirosas e tristes, pelo uso excessivo de atividades humanas, e especialmente de combustíveis impróprios, amostra concentrada do que de destruição da natureza acontece no mundo.

Permita-me, meu querido, minha querida, por à sua reflexão porque terá sido necessária uma pandemia da dimensão desta que está atingindo e amedrontando o mundo, para que o mundo despertasse, e espero que desperte, sobre a extrema fragilidade de nosso Planeta?  Sobre como seria possível respeitar essa fragilidade, e como seria possível afastar as ameaças que pairam sobre ele, o Planeta, sobre a vida e sobre as próximas gerações? 

Em última análise, como está sendo possível que se deixe passar sem refletir sobre como está passando o tempo de reverter a tendência destrutiva do atual modelo civilizatório no rumo de algumas forma de ruptura, quando poderíamos estar caminhando no rumo de uma nova Civilização compatível com os avanços da Ciência e da tecnologia, capaz de preservar a Vida, o Homem e o Planeta, sua casa, com tudo o que nele existe.

Mas há outra extrema fragilidade, queridos AMIGOS, MINHAS QUERIDAS, evidenciada pela pandemia, e que nos ameaça em igual dimensão e insustentabilidade global no horizonte da Civilização.

Estou me referindo à fragilidade do modelo econômico, voltado ao consumismo, ao marketing que tem  como objetivo a garantia do lucro, à tecnologia usada para a produção do supérfluo e à concentração continua da riqueza nas mãos de um número cada vez menor de  pessoas, grupos ou países.

Bastou que sobre esse modelo se abatesse a pandemia, para que a economia paralisasse, de igual modo entre ricos e pobres, poderosos e excluídos. Calcula-se que tanto quanto as grandes como as pequenas economias deverão ter um decréscimo da ordem de 5%, podendo esse número ser ultrapassado em muito, inclusive nas economias mais ricas como na China, no Japão e nos Estados Unidos. Em crise também, ficou demonstrado, está  a interdependência global das economias, sistema que ameaçou, ou continua ameaçando sufocar atividades dependentes do comércio mundial de insumos. 

Creio que a pergunta  a fazer é esta:

Qual a sustentabilidade, que segurança é esta, que de repente, está ameaçada de entrar em colapso por uma razão qualquer, que hoje pode ser a pandemia, como amanhã poderá ser um outro fator, digamos, uma guerra nesse mundo onde loucos governam e tem arsenais de armas à escolha para destruir os homens e o mundo, podem ser as mudanças climáticas se agravando, ou uma outra causa tão inesperada e imprevisível como foi a pandemia atual que  surpreendeu  a todos, o mundo, seus dirigentes, seus economistas, seus analistas, seus beneficiários e suas  vítimas?

Queridos amigos, minhas queridas. Este é um momento de reflexão, ou seja um momento de despertar sobre a necessidade de que se construa um mundo diferente, uma utilização dos avanços da Ciência e da Tecnologia em favor das pessoas, da preservação do Planeta, da maior igualdade entre todos, independentemente de qualquer atributo que tenham.

Acaso não é isto que nos mostra a natureza que trata de forma igual ricos e pobres, quero dizer, um mundo mais justo, mais humano, mais participativo e solidário, revertendo o caminho da concentração, da exclusão e do desequilíbrio pelo qual estamos indo, no rumo de  alguma forma de ruptura, da qual estamos tendo na pandemia uma pequena amostra de como pode acontecer.

 De como poderá ser a ruptura, o futuro há de dizer, se mais esse aviso não for suficiente e se depois da crise, o mundo voltar a ser como antes, concentrador, competitivo, consumista, excludente.

Por outro lado quero dizer, meus queridos, que a esperança está na certeza de que as pessoas hão de receber melhor a Mensagem, quero dizer que tenho segurança que esta pandemia fará crescer a Massa de consciência a que tanto tenho me referido, Massa de consciência que une pessoas de todo mundo, de todas as  classes, de todas as raças, de todas as crenças, pessoas participativas e solidárias, que querem um mundo diferente.

É preciso que esta percepção e este propósito, leve a todos a se engajar mais no sentido de que que as instituições sociais, as instituições econômicas, as instituições políticas, a ética, os meios de comunicação, assumam os fundamentos de uma nova Civilização, participativa e solidária, porque a competição e a concentração como sistemas econômicos ,o egoísmo e o consumismo como fundamentos da organização social   e o conflito ou a discórdia como fundamentos das relações humanas, já não são sustentáveis depois  dos avanços da Ciência e da Tecnologia. Esses ultrapassados fundamentos levarão inevitavelmente a Civilização a alguma forma de ruptura.

E se não houver esta participação das pessoas, da Massa de consciência, meus amigos, queridas amigas, tenham certeza que, apesar do grave aviso da pandemia, ou seja qual for o aviso que vier, tudo continuará como antes, e a Civilização continuará sendo conduzida para a ruptura anunciada, e então há de ser inimaginável o preço a ser pago para reconstruí-la, a Civilização.

 No entanto querido amigo, minha querida, esteja certo, esteja certa que a transformação somente acontecerá mais rapidamente e sem maiores  traumas, na medida em que você tomar consciência de que você é parte desta Massa de Consciência em favor da transformação e na medida em que você  contribuir no limite de seu alcance, para apressar esta construção. 

 Reflita essas ideias. Comente-as. Divulgue-as em seu meio, compartilhe  em suas páginas , nas redes sociais, onde você puder. Participe.

One thought on “CONSTRUIR O DEPOIS

  1. Odette Dellajustina Sevegnani

    É uma verdade doída, mas verdadeira. Enquanto nós seres humanos e pensantes, não tivermos consciencia que precisamos mudar nossas atitudes perante o planeta, que cada um de nós podemos também fazer diferença e que somos parte do meio. A natureza nos está mostrando o resultado por não entender.E é desastrosas as formas que nos está sendo apresentada.

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