QUERIDOS AMIGOS, MINHAS QUERIDAS   

Em novembro de 1989,o mundo assistiu em festa a demolição do muro  de Berlin, conhecido como o muro da vergonha, que a Alemanha Oriental, ocupada pela  ditadura da União Soviética após a segunda guerra mundial, de 39, levantara para impedir os alemães de migrarem diariamente aos milhares para o outro lado da Alemanha, a Alemanha  Ocidental livre e democrática.

Imaginei ser aquele o último episódio da história da  humanidade , feita  de construir muros, desde as muralhas que  defendiam as cidades e os castelos das invasões dos inimigos, na idade média, até a impossível muralha chinesa que teria somado cerca de 20 mil km no seu auge e da qual restam cerca de  7 mil km. transformados em  atração turística. 

Transformação óbvia nos dias de hoje porque ainda que existissem mongóis  ou  chineses do norte querendo invadir  o império, de nada adiantaria a muralha diante da guerra  moderna dos aviões, dos foguetes, do domínio espacial, seus satélites de observação, de pesquisa, ou de artefatos de morte.

Deveria saber disto o ex-presidente de triste memória dos Estados  Unidos, Donald Trump ao passar 4 anos na presidência, tentando erguer o seu muro na fronteira com o México para evitar que entrassem em sua “América grande de novo”, os emigrantes das Repúblicas de banana do hemisfério sul, através dessas fronteiras.

Seguramente não eram razões militares as que moviam a obsessão de Trump para construir  o muro de quase 3 mil kms, na fronteira com o México, o novo muro da  vergonha no século XXI.

 Seu objetivo era impedir a entrada de pessoas, o que permite dizer que ele se aproximava mais  em seu objetivo  do muro de Berlin e das ditaduras que o construíram, do que dos castelões ou dos defensores das cidades ,ou ainda do imperadores da China, que levantaram seus muros e muralhas como barreiras para deter os exércitos inimigos.

No seu imenso nacionalismo doentio, cujas consequências a história nos oferece alguns exemplos ,na ilusão de seu poder sem limites, Donald Trump recebeu a resposta na derrota democrática  das urnas, derrota que ele não reconhece, como costumavam fazer os  candidatos das repúblicas de banana, em que ele tentou, e não sei se desistiu, transformar seu País.

 Tentou desmoralizar o sistema eleitoral que, instituído pela Constituição americana há 260 anos, elegeu a série ininterrupta de 46 presidentes sem ser jamais contestada. Pensou desmoralizar a justiça, inclusive a suprema Corte, que negou suas pretensões de vitória em  várias dezenas de processos com que ele que tentou anular os resultados do voto democrático. Pretendeu denegrir a justiça eleitoral dos 50 Estados, governados fossem por seu Partido  Republicano ou pelo Partido Democrata , que validaram por suas Secretarias de justiça os respectivos resultados eleitorais. Em resumo, tentou desmoralizar as instituições públicas americanas.

Mas não parou nisto seu delírio megalomaníaco. Imaginou, através das mentiras de sua imaginação delirante, enganar a sociedade e intimidar as instituições, processo que culminou com o incendiário discurso pronunciado na lamentável invasão do Congresso americano por seus  seguidores fundamentalistas, algo jamais acontecido, ou sequer imaginado que pudesse acontecer, na assim considerada maior  democracia do mundo. 

No entanto, é preciso estar atento no que ainda pode acontecer no desespero de nada conseguir contra o processo democrático, cujas ameaças não terminaram no referido incendiário discurso. ou em seguida quando em pronunciamento na fronteira com o México cujo tema era a construção do muro, ele avisava que tudo estava apenas começando. E mais. 

Precisa estar alerta para seu último discurso como Presidente, diante de uma centena de apoiadores e do avião presidencial , que o levaria de volta para sua casa , no qual ameaçava retornar em breve, com uma séria ameaça à democracia ao afirmar que” voltaria de uma maneira ou de outra ”, como se não soubesse, e talvez não saiba mesmo ,que na democracia só há uma  maneira  de chegar, ou de  voltar ao poder: O VOTO. 

Como os ditadores que no passado construíam muros e muralhas mostrou ignorar também que nada poderá contra os rumos da história e que nesses rumos da  história, as sociedades democráticas, especialmente após os avanços da ciência e da tecnologia, caminham em rumo contrário, derrubando muros e muralhas, na direção de um mundo sem fronteiras, sem a perversa divisão entre ideologias que pregam e praticam o ódio, a desunião e os conflitos ao invés da cooperação e da solidariedade, e produzem os imensamente ricos e os desgraçadamente miseráveis, os  exploradores e os explorados, um mundo que deixará seus construtores, os construtores de muros, definitivamente no passado.

No entanto, ele ameaça inundar com sua desagregadora ideologia, não só seu país mas o mundo, construindo muros e muralhas entre países e países, pessoas contra pessoas, raças contra raças, fundamentalismos contra fundamentalismos de qualquer espécie ou de qualquer lado, ideologias exercidas em nome de interesses econômicos e financeiros, culturas, raças, religiões, ou qualquer outro atributo que os aspirantes a ditadores sempre proclamam 

Eles não percebem que graças aos avanços da ciência e da tecnologia, repito, o mundo  se torna cada vez mais diversificado e colorido ,da diversidade de segmentos da sociedade  que sabe conviver em harmonia, ou  organizar-se e conviver em solidariedade, justiça e participação  como hão de ser cada vez mais as democracias civilizadas, cada dia mais  livres, múltiplas, harmônicas em sua diversidade, apesar deles, dos construtores de muros,

Serão engolidos pelos buracos negros da história, os que, como esse ex-presidente bufão  que, de cômico ainda poderá se tornar trágico, não tivesse sido engolido em tempo pela vontade soberana do povo americano, que melhor do que o povo alemão na década de trinta passada, soube perceber para onde estava sendo  conduzida.

As eleições americanas de novembro último deram um fim, ao menos neste momento às pretensões do ex-presidente de se manter no poder de uma “ maneira ou de outra”. Mas a ameaça permanece sobre seu país, e sobre o mundo , onde essa  desagregadora ideologia busca  aumentar seus adeptos, inclusive no Brasil, onde consegue colher significativa  safra de  seguidores.  

Aliás o Brasil já tem pago um preços suficientemente  grande diante de países tradicionalmente aliados, como a União Europeia, ou de alto interesse econômico  como a China e demais  países associados ao BRIC, por ter escolhido o ex-presidente americano, nem tanto como seu aliado, mas como seu ícone e inspirador de sua política externa como também para assuntos internos, por cujos equívocos já pagamos alto preço.

Estejamos  alerta  porque o megalômano ex-presidente, agora pretende através da ideologia do Trumpismo se tornar um líder global, expressos em seus intentos isolacionistas de fazer a América Grande de Novo ou de qualquer maneira colocar ,a América em primeiro lugar, slogans que para  quem tiver um mínimo da visão histórica faz lembrar o Império  alemão de mil anos, prometido por Hitler, no século passado. 

Seus seguidores de boa fé, ou de pura participação nos interesses globais, ou na busca de líderes carismáticos, dentre os quais, infelizmente bom número se encontra no Brasil, custam a perceber o que poderá vir depois, como custaram  perceber Chamberlain na Inglaterra, Von Schuschnigg na Áustria, e outros dirigentes europeus, engolidos em seguida pelo nazismo e sua ideologia supremacista, que está sendo ressuscitada hoje na América, quase um século depois.

Pouco conheço de Joe Biden, o novo Presidente americano. Mas ele, como os mais de 80 milhões de americanos que o levaram ao poder, junto com o voto da maioria dos Estados  federados, país onde a Federação funciona, têm um compromisso com  a igualdade, a justiça e o pluralismo. Esses princípios fundamentais das sociedades democráticas se expressam nas relações entre as nações através do multilateralismo, da preservação dos compromissos internacionais, especialmente referentes a preservação ambiental, ao direito à saúde, ao desarmamento nuclear, à igualdade entre as nações, compromissos que Trump, o ex-presidente, em sua perigosa  megalomania ,rompeu.

 Os que estiverem acompanhado através dos meios de comunicação, já terão percebido que o novo presidente dos Estados Unidos, vem anulando essas práticas  desagregadoras da sociedade e começando a por em prática a verdadeira Democracia.

Devo dizer, ainda, especialmente para o Brasil, cuja vocação ditada pelas características, ou a alma do povo brasileiro, como também pela dimensão de seu território e de seus recursos naturais, lhe dá condições e responsabilidades muito significativas de contribuir na construção de um mundo participativo e solidário, sem atrelar-se à ideologias supremacistas, sejam de direita ou de esquerda, sem levantar de muros desagregadores da sociedade, concentradores e excludentes. 

Deixo aqui meu convite para que você, meu querido amigo, minha querida, dedique algum tempo e algumas de suas  qualidades que sei, das muitas que você tem, para refletir sobre os rumos que deseja para o Brasil e para o mundo, ou  para a civilização onde irão viver as novas gerações, as gerações de nossos filhos  e dos que virão  depois

Acompanhe, meu querido amigo, minha querida, dê sua opinião, compartilhe. Participe.

Grande abraço. Osvaldo Della Giustina

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