Meus queridos, queridas amigas 

Desejo, nessa nossa reflexão, tornar mais claro possível o significado da Participação e da Solidariedade, conforme o livro Por uma Civilização Participativa e Solidária: A PROPOSTA. 

Creio que a Participação e a Solidariedade deve ser entendida em três dimensões, que se completam entre si, todas três  necessárias para a sustentabilidade do processo civilizatório. 

A primeira dimensão, absolutamente necessária da participação e da solidariedade, que pode ser comparada a um remédio urgente que se ministra a um paciente para evitar-lhe a morte, é aquela que  praticam pessoas individualmente ou grupos caritativos que crescem e se fazem presentes em todo mundo, minorando o sofrimento e a mortalidade, fruto da desigualdade social, da insensibilidade dos que detém o poder ou a riqueza, no  mundo ou nas comunidades ou também diante dos fenômenos da natureza que movimentam milhares de pessoas  e instituições, numa admirável demonstração de humanismo e de caridade cristã, no sentido mais amplo.  

Esta forma de praticar a Participação e a Solidariedade, salva diariamente milhares, ou milhões de pessoas excluídas. A ela pertencem inclusive, muitas pessoas que conhecemos, e entre as quais seguramente se incluem muitos dos meus queridos amigos e amigas.  

Entre os grupos sociais, quero referir-me, como um exemplo de doação e amor, o programa Médicos sem Fronteiras,sem deixar de me referi a  tantos grupos humildes que fazem atendimento em suas comunidades ou deixam seu conforto dos fins de semana para levar suas ações caritativas aos pobres, excluídos e necessitados . 

Grupos que se formam nas favelas, ou que se instalam junto aos excluídos da sociedade, onde frequentemente a pobreza é castigada pela violência e por todas as formas de exploração. 

 Dentre os milhares, ou milhões desses grupos que atuam no mundo,cito apenas um pelo fato de dele ter tomado  conhecimento ao passar pela bela cidade de Florianópolis, organizado por um humilde sacerdote, Pe. Wilson Grohs, num dos morros da periferia daquela rica cidade, onde como em tantas periferias no mundo, ou no Brasil medra a miséria, o narcotráfico, a exploração da mulher e a violência. Foi ali, nesse meio que Padre Wilson Grohs mantem sua paróquia e realiza com sua comunidade explorada, a Participação e a Solidariedade. Cito este exemplo, a exemplo de milhares ou milhões que existem no mundo e no Brasil, que praticam, a seu modo, a Participação e a Solidariedade. 

Cito também este caso por ter sido informado do convite   recebido por  esse Padre, da parte do Vaticano, para participar do encontro que terá lugar em Assis em março próximo, sobre “A Economia segundo Francisco”, a que se refere nosso livro e sobre o qual ainda terei comentários a fazer.  

Os que praticam essa forma de Participação e Solidariedade pertencem ao que em nossa PROPOSTA se caracteriza como Massa de Consciência que cresce no mundo e que contribuirá decisivamente para a transformação da Civilização. 

A Segunda forma com que se imagina, aceita e promove, a estratégias ou o caminho da transformação, mas que ao invés de caminhar no rumo da Participação e da Solidariedade, na  prática pode se transformar, e frequentemente se transforma ,num fator que acaba por protelar  a transformação nesse necessário e verdadeiro rumo. 

Na verdade, essas propostas, praticadas por líderes políticos e formuladas ou defendidas por respeitáveis expressões acadêmicas ou intelectuais, em geral não atingem a causa essencial dos desequilíbrios sociais, ou seja, a utilização dos avanços da Ciência e da Tecnologia em favor da competição, que gera os conflitos, e da concentração que gera a exclusão. 

Como consequência, quando isto ocorre, essas propostas se transformam em remendos sobre um tecido definitivamente gasto, dando uma sobrevida aos sistemas políticos, econômicos e sociais vigentes, capitalistas do Estado, (de esquerda, ou socialistas) ou das corporações (de  direita ou liberais) e frequentemente, criam obstáculos ao advento da nova Civilização Participativa e Solidária. 

Nossa proposta  Por uma Civilização Participativa e Solidária, vai  além não dessas necessárias  e urgentes ações e nem  a elas se opõe. Ao contrário. Tendo-as como necessárias e urgentes, simplesmente dá uma passo adiante, completando-as, na consciência de sua importância para evitar a ruptura, ou o colapso da organização social, e contribuir para um mínimo de dignidade às pessoas e o respeito e a promoção de seus direitos fundamentais. 

Sobre a dignidade e o direito das pessoas, ou sobre a ação social referida como a primeira das dimensões da Participação e da Solidariedade, deve-se invocar ainda de modo essencial, seu significado  moral, de fraternidade, justiça, e até de consciência concreta de que ,seja qual for o sistema, sempre haverá a necessidade da prática do amor e da caridade, ou da assistência ao próximo, especialmente aos excluídos ou necessitados. Mesmo porque foi o próprio Cristo a alertar que “pobres sempre tereis entre vós”. 

Mas se a organização social, ou a civilização, não for capaz de reverter os rumos da exclusão e da desigualdade ,ou seja, da competição e da concentração que os avanços da Ciência e da Tecnologia permitem continuar fazendo crescer em velocidade exponencial, se a sociedade, ou a civilização, não for capaz de criar um novo sistema, onde a Ciência e a Tecnologia seja posta em favor da desconcentração, que viabiliza a participação e da cooperação que viabiliza a solidariedade, muito se terá feito, muito se terá trabalhado, mas tudo continuará fazendo crescer a insustentabilidade da Civilização em que vivemos, no rumo de alguma forma de ruptura. 

Por isto, Por uma Civilização Participativa e Solidária: A PROPOSTA, de forma alguma contraria a ação caritativa ou de assistência social praticada por tantas pessoas e instituições que  constituem verdadeira  Massa de Consciência que cresce no mundo, como as caracteriza e analisa o livro. Da mesma forma não contraria ou desestimula as necessárias e urgentes reformas nos sistemas ou governos vigentes, no sentido de diminuir o rumo da concentração e da exclusão que aumentam as condições de conflito, e da mesma concentração e exclusão. 

Tudo isto considerado e  em complementação a essas ações o livro apresenta A PROPOSTA de transformação das instituições políticas, econômicas  e sociais, no rumo de uma sociedade desconcentrada, como única forma de torna-la participativa,e  uma sociedade  cooperativa, única forma de torna-la  

solidária, harmonizando assim os valores da Massa de Consciência num processo de verdadeira amorização o mundo, com os avanços da Ciência e da Tecnologia 

Estou certo que se este rumo não for assumido e adotadas para modificar as instituições políticas, econômicas e sociais, as ações caritativas- assistenciais e as reformas pontuais nos sistemas competitivos e concentradores, estarão utilizando copos de água para salvar da morte  multidões  de excluídos, enquanto os oceanos lançam ondas e ondas de água para afogá-las. 

Sobre o evento de Assis, a que me referi, ”A Economia segundo Francisco”, creio que para  que possa contribuir substantivamente na ultrapassagem dessa tragédia, construir diques para controlar as ondas e estender as praias de uma nova Civilização Participativa e Solidária, creio que é relevante considere as três dimensões da Participação e da Solidariedade. 

Isto porque, enquanto se salvam os que se afogam é preciso desviar as ondas, construir as praias para que não continue crescendo a multidão dos afogados. 

Esta é a terceira dimensão da Participação e da Solidariedade que complementa as ações sociais caritativas e as reformas nos sistemas atuais de organização e funcionamento da sociedade. 

Colaborem com nossa PROPOSTA ,caros amigos, queridas amigas, refletindo, comentando, compartilhando.  

Grande abraço. 

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