Na semana passada postei uma das tantas ideias fortes, e também originais, do livro Participação e Solidariedade. O post dizia que, da mesma forma como a evolução é um caminho que, partindo do único, do simples, vai construindo o complexo, o múltiplo, quero dizer, vai originando seres com muito mais componentes, com mais tecidos, com muito mais órgãos, muitas funções, enfim, muito  mais complexos.

Da mesma forma, e por isto mesmo, pode-se dizer que a evolução significa o caminho de construção da liberdade, porque a liberdade tem por pressuposto a multiplicidade, o pluralismo, a complexidade.

É por isto também que a história da  evolução  tem um grande significado para conhecer o ser humano e, especialmente, para construir a sociedade, dizer quê sociedade queremos e como construí-la.

 Por esta razão retorno ao livro-Participação e Solidariedade, donde foi extraído aquele post, e convido você meu querido amigo minha querida, a refletir comigo sobre como o livro explica essa percepção da história, ou da antropologia, e como inspira os fundamentos teóricos, ou científicos, para construção de uma sociedade livre e democrática, ou seja Participativa e Solidária.

Dirijo-me especialmente às Universidades e àqueles que ensinam e são ensinados-mestres e estudantes, para que deem um passo à frente, capaz de superar este momento em que vivemos ainda cheio de interpretações ou ideologias ultrapassadas, por isto nos mergulhando em meio a crises, ameaças e insegurança sobre o futuro, o mundo de nossa vida adulta, de nossa velhice, ou das próximas gerações.

Diz o livro Participação e Solidariedade:

Este   caminho já o ensinara Teilhard de Chardin, dedicado ao estudo do homem  e de sua origens, em sua obra essencial,” O Fenômeno Humano” concluído em 1940 ,depois de uma vida dedicada à pesquisa na China e na África, e só editado postumamente, em 1948”, por causa da oposição, ou da dificuldade dos conservadores de entender as novas propostas, acrescento aqui.

E prossegue:

Deste princípio se deduz que, quanto mais complexo um ser, tanto mais alto ele se situa na escala evolutiva. Isto ocorre, com todos os componentes dessa escala, ao nível físico, biológico, psicológico e espiritual. Na verdade, à medida que ocorre o processo de complexificação, tanto mais se aproxima o ser da multiplicidade de funções, de relações e de organização, portanto, de maior abrangência, ou perfeição.”

E alerta:

“Este caminho para a perfeição, no entanto, somente ocorre na medida em que ocorra, paralelamente, a organização da complexidade. Se não ocorrer esta organização paralela, o crescimento da complexidade leva ao caos. O caos, isto é à desorganização da complexidade, ou dos componentes do ser, significa a negação do funcionamento harmônico do todo, ou da complementariedade das partes, e portanto, significa a morte.”

Em sequência, o livro explica como a organização da complexidade ocorre em todos os seres, mas ocorre de forma muito simples no mundo dos seres físicos, ou na física, porque sua estrutura é simples, alcança um grau mais elevado nos seres animados, ou na fisiologia, à medida que se tornam mais complexos, mas  só chega à plenitude na espécie humana, porque, continua o livro:

No ser humano, à organização física, ou mecânica da natureza, ao instinto ou às razões fisiológicas, soma-se a consciência, ou o conjunto das faculdades que a integram- a inteligência, a percepção, o sentimento, a emoção, que tornam o processo de organização da complexidade um processo livre. Ali a mesma causa não produz necessariamente o mesmo efeito, mas admite diversidade de alternativas, por causa da complexidade e da ação da consciência agindo sobre a complexidade, permitindo escolhas, ou  construção das alternativas. O processo de evolução da espécie humana torna-se, pois, um processo livre, por que é complexo e consciente.”

O livro prossegue fazendo a ligação entre essa interpretação da natureza evolutiva de , e questões práticas, concretas , vida, ou da organização da sociedade. Afirma:

“ Pode-se dizer, em consequência, que, quanto mais complexo for o ser, tanto mais livre, ou tanto mais dispõe de condições para o exercício da liberdade, por causa da consciência que atua sobre a diversidade. Pode-se dizer também que, assim concebida a liberdade torna-se busca, aspiração, meta, ou objeto do processo evolutivo.

Tudo o que é simplificado, estandardizado, único, contrapõe-se à liberdade. A busca da complexidade ordenada torna-se assim, a vocação do homem, dele e de todo processo   do qual participa toda a natureza. De outra parte tudo o que contraria a diversidade, ou a complexidade, tudo o que concentra, ou unifica, contraria a natureza”.

Convido você, meu querido amigo, minha querida, a fazer o exercício da aplicação desses conceitos à organização política, econômica e social de um país, do Brasil ou de qualquer país do mundo, aplicação às empresas que monopolizam tudo, quando tudo poderia ser descentralizado, perto das pessoas, viabilizando sua participação na organização e funcionamento múltiplo e diversificado. isto poderia acontecer não só na economia, mas também no poder, no conhecimento, na tecnologia, a cultura, enfim…

Imagine, caro amigo, minha querida, como o mundo seria diferente e como seria muito mais de acordo com nossa natureza de seres complexos, por isto livres e muito mais de acordo com a natureza universal que é múltipla, diversificada e plural, ao contrário de tudo o que concentra, que significa um retorno ao passado, contrariando a natureza e todo seu processo de evolução.

O livro Participação e Solidariedade, que nos convida a essas reflexões, conclui

“Em resumo: a liberdade inexiste no campo da física; condiciona-se ao instinto no campo dos seres apenas vivos e só se realiza plenamente nos seres humanos-por causa de sua extrema complexidade e da consciência atuando sobre a complexidade. Há, consequentemente, uma dimensão  ética por ca usa das escolhas, ligada à essência do processo, ou da natureza humana. Também, em consequência no processo de construção da sociedade, ou da civilização, enquanto construção humana.”

Na mesma lógica de que toda a evolução é um processo de passagem do simples para o complexo, conclui: “Toda a evolução, é, em consequência, um caminho para a liberdade.”                  

Aplicar esses conceitos na organização e no funcionamento desse mund o evoluído e complexo em que vivemos, ou na construção de um novo Brasil, o nosso mundo, é  o novo    mundo, ou o novo Brasil com que sonhamos, um mundo e um Brasil participativo e solidário.    Dê sua contribuição difundindo, acessando, comentando, compartilhando. Grande Abraço.

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