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Meus queridos e minhas queridas,

O mal do mundo, que está incendiando também o Brasil, é o maniqueísmo, que faz com que as pessoas sejam simplesmente a favor ou contra, embotando sua capacidade de raciocinar, de analisar, de pensar. Quem acompanha minhas redes sociais, deve ter acessado nessa última semana uma reflexão que postei:” Sem medo de pensar diferente”, na qual parafraseei o poeta Fernando Pessoa em seus  5  ou 6 poemas em torno do tema “a dor  de pensar.” 

O maniqueísmo que embota a capacidade de pensar, que transforma equações de natureza complexa em simples dados contra ou a favor gerando embates ou conflitos vazios de conteúdo, não leva a lugar nenhum, a não ser ao agravamento dos conflitos que satisfazem os egos de cada um mas só agravam, aos invés de aproximar posições, conflitantes ou não. 

Estou me referindo neste momento à questão amazônica, que evidentemente tem um conteúdo muito mais complexo que a dimensão que está tomando ,conteúdo que vai muito além dos incêndios, ou  do barraco entre o Presidente Bolsonaro e o Presidente da Macron, para constrangimento dos brasileiros e dos franceses, a não ser satisfação do maniqueísmo, ou dos maniqueístas que existem aqui, como lá. 

Evidentemente que, para além desse barraco, ou desses incêndios, existem duas questões básicas, essenciais , que definem a verdadeira dimensão, ou a complexidade da equação e essas, se bem entendidas e assumidas pelas partes, constituiriam o verdadeiro caminho de seu justo e eficaz equacionamento. 

De um lado a dimensão dos recursos naturais da Amazônia e de sua importância para o mundo e sua preservação, e de outro, a soberania nacional, voltada ao uso sustentável desses recursos pelo Brasil, em seu benefício como Estado e Nação e, especificamente em sua utilização em benefício da parcela amazônica do povo brasileiro, ou mais amplamente, de toda a população brasileira. 

Essa duas dimensões deveriam encontrar-se no que ambas tem em comum: seu uso e sua preservação, ou seja, sua utilização sustentável pelo Brasil e pelo mundo.   

Negando-me a tomar partido nos interesses equivocados de um e de outro lado, que nesse momento encontra sua máxima expressão constrangedora, nesse barraco sustentado pelo Presidente brasileiro e pelo Presidente da França, e para que fique claro que não estou a defender nenhum dos dois lados, reporto-me a um vídeo que publiquei em 2004,portanto há 14 anos, numa TV on line da época, e que está publicado no terceiro volume de minha trilogia “Um Olhar e Três Tempos”, da pagina 129 a 133,sob o título: ”Que tamanho tem o Brasil que temos?”.  

Nesse vídeo, depois de constatar que o Brasil continuava sendo um pequeno Pais, do tamanho de Brasil delimitado pelo Tratado de Tordesilhas, desconhecendo a dimensão dos imensos recursos naturais além da linha demarcada por ele, jamais teve um projeto nacional que considerasse essa dimensão que lhe permitiria sentar-se à mesa das decisões mundiais, preferindo concentrar-se em seu calcanhar de Aquiles :a moeda e o câmbio, a concentração em seu litoral e suas grandes cidades que imaginava transformar em centros financeiros  globais, ou em sua fraca economia ou na proteção de seus privilégios… 

Diante das ameaças reais ou imaginárias, correntes àquela época como hoje, da internacionalização da Amazônia, que sem um projeto de desenvolvimento sustentável continuaria sendo ocupada e destruída em suas riquezas de significado e de interesse global, alertava no referido vídeo “Que tamanho tem o Brasil que temos”. Dizia: 

“Quero referir-me aos 2/3 do território nacional,5 milhões de km², mais de 150 milhões de hectares, que, se ocupados apenas 20% nos lugares certos e de forma correta e sustentável, nos permitiria sentar pesado na mesa das decisões mundiais, nesse mundo globalizado, jogando com a dimensão de nossa capacidade  de produzir alimentos e riquezas, no nível das demandas do mundo” 

E prosseguia: 

“ Nessa inconsciência, que inclui a Amazônia ,(o vídeo se referia ao Brasil “além do Tratado de Tordesilhas”) quero dizer que se não a ocuparmos produtiva e sustentavelmente, ANOTE AÍ, sua internacionalização se transformará numa ameaça real. Não creio que pelas armas. Mas pelo direito internacional, onde cada vez mais se acolhe a tese de que os interesses globais se sobrepõem às soberanias nacionais. A questão já frequenta alguns Foruns posta nessa perspectiva e existem fortes razões a sustentar esta tese.” 

Isto alertava em 2004, e não era por causa dos incêndios e nem havia nenhuma reunião do G 7. Mas prossegundo, justificava o por quê dessas razões: 

“Na Amazônia estão presentes em torno de 30% da biodiversidade do Planeta; ali estão quase 15% de seus recursos hídricos de superfície; ali está sua maior reserva ambiental; somada à  Região Centro Oeste, como foi dito, forma-se um território que poderia abastecer o mundo, gerando, a uma produtividade média, mais de 500 milhões de toneladas de alimentos”. 

E  concluía: 

“A questão da Amazônia, pois, não é apenas uma questão nacional. É sim, a questão nacional de dimensão planetária e por isto é hora de se dar à Amazônia, a dimensão do Brasil, para que, de tanto pensar o Brasil pequeno, não acabemos por  construir um pequeno Brasil”. 

Pois bem. Isto foi escrito há 14 anos. Ao se constatar o barraco protagonizado pelo Presidente da França e o Presidente do Brasil, mais do que as concordâncias ou discordâncias do Brasil e do G7, é hora de nos perguntar se nesse maniqueísmo, ou no aderir a ele, não estaremos contribuindo para construir um pequeno Brasil ao invés de contribuir para a construção de um Brasil do tamanho real do Brasil que temos.  

                                                                                                                                              Grande Abraço. Osvaldo Della Giustina

One thought on “A QUESTÃO DA AMAZÔNIA E A DIMENSÃO DO BRASIL

  1. Manoel

    Não se resolve problemas se escondendo deles, isso a esquerda sempre fez, como se deixar de falar no problema, ele desaparecesse. Serviu sim pra mostrar que na Europa já acham que a Amazonia é deles.

    Bolsonaro tinha razão, é especialista em desentocar ratos globalistas, provou que suas suspeitas não eram infundadas sobre o Triplo A, as reais intenções dessa esquerda internacionalista sempre foi de entregar a nossa Amazonia.

    Precisamos da Amazônia para desenvolver o Brasil e os povos da região, inclusive os índios, até hoje usados como guardas florestais sem remuneração e sujeitos à todo tipo de corrupção por necessidades, enquanto ongueiros enchem a burra de dinheiro e ficam de donos dos “negócios” ilegais.

    Não faz sentido mais terras para índios e quilombolas, para que sejam guardiões de suas próprias misérias, mantidos como animais em um zoológico, sem direito ao uso e à integração com os desenvolvimentos da sociedade civilizada?

    O índio verdadeiro é um brasileiro que já se aculturou e quer conforto, ar condicionado, TV Full HD, e todas as modernas tecnologias, o resto é balela de quem deseja nos controlar pelo sub-desenvolvimento.

    Realmente Prof. Osvaldo Della Giustina, 20% é um bom número pra início de conversa.

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