O Premio Nobel da Paz, a eleição Americana e o Brasil
Date: março 2, 2016Author: Osvaldo Della Giustina
Como em 2009,ao eleger um descendente africano, Barack Obama, para Presidente dos Estados Unidos, mais um vez a sociedade americana surpreende
com a perspectiva de indicar para a corrida Presidencial , cada um dos candidatos com maior ou menor possibilidade de vir a ser escolhido por seu partido e ser eleito por seus delegados Presidente do país : uma mulher, Hilary Clinton no Partido Democrata e dois Latino- americanos, e pasmem ,de origem cubana, no Partido Republicano , Marco Rúbio e Ted Cruz, ambos já senadores .
É verdade que o Partido Republicano está por escolher um primata, sobrevivente da era dos dinossauros: Donald Trump. Mas que tivessem concorrido uma mulher e dois latino-americanos, como anteriormente concorreu por duas vezes e venceu um negro, jamais seria de pensar nos Estados Unidos, antes de Obama.
Essa forma de eleição através de delegados, que no Brasil seria repudiada sob a odiada palavra de eleição indireta, é a forma como a sociedade americana elege seus presidentes , desde 1776 ,quando, logo após a declaração da Independência, foi adotada a República, sob o regime Federativo e Presidencialista, através da primeira e única Constituição federal, que é a mesma desde então e dura até hoje.
Como se vê , tudo funciona de forma diferente do que ocorre no Brasil , onde também somos uma República sob regime Federativo e também Presidencialista, como lá . Mas ,ao contrário de lá, temos horror de qualquer forma de eleição que não seja eleição direta. Aqui, nossa Constituição, também é republicana como a dos Estados Unidos, só que aprovada mais de100 anos depois da Constituição de lá, quando aqui foi derrubado o Império..
Digo mais. Nos seus cento e poucos anos de República o Brasil trocou 5 vezes de constituição se contado o AI 5 (Ato Institucional Nº 5) baixado pela Junta Militar. Isto quer dizer que na média, as Constituições brasileiras têm uma duração de 20 anos, enquanto a Constituição americana perdura há mais de 200 e por isto formou uma cultura, constitui uma referencia para todos os comportamentos do País.
Neste contexto, constitui também um bom exemplo a ser lembrado :os fundamentos da Constituição Inglesa, perduram há mais de 800 anos ,desde quando os nobres ingleses impuseram ao Rei apelidado João sem terra, a MAGNA CARTA.
Em contraste, é importante lembrar, que as Constituições brasileiras , substituídas por outra a cada 20, na média ,são modificadas em sua curta existência, por dezenas, talvez centenas de emendas constitucionais , a maioria defendendo interesses corporativos e outros de igual espécie, remendando ainda mais uma colcha de retalhos, incapaz de consolidar uma cultura uma identidade.
Você já percebe ,caro amigo e querida amiga, e já refletiu sobre essas características e diferenças e suas repercussões na vida nacional, seja na vida política, seja nos padrões éticos ou jurídicos, seja na consolidação de uma cultura nacional que institucionalizasse o que somos e o que queremos ser, ou para onde quaremos ir?
Ou continuaremos eternamente vítimas da vontade de quem tem o poder, seja esse poder o executivo, o legislativo ou o judiciário, onde os padrões éticos são jogados pela janela, ou simplesmente não existem, ou existindo, não são praticados?
Ou , talvez, teremos de dar razão ao ex-Presidente da França, Charles De Gaulle, ao declarar que o Brasil não é uma país sério…”le Brésil n‘est pas un pays serieux?” ).Isto dói … e se for verdade, como dói!
Ao por à reflexão esses contrastes, ou essas contradições , quero me referir à outra consequência dessas diferenças, à luz das quais melhor podemos entender as crises, ou a crise que afeta o Brasil, ou que nos afetam, ou afetam nosso trabalho, nossa renda, nosso futuro ,ou a crise que revolta nossos padrões éticos ou nossa cidadania.
Refiro-me ao festival de mentiras que assola o país ,para parafrasear o cronista Stanislau Ponte Preta que ,na época dos militares escreveu “O Festiva de Besteiras que assola o País”.
Poderia também parafrasear o Padre. Antonio Vieira em seu célebre discurso ”O bom ladrão”, pronunciado diante da Corte portuguesa, denunciando a roubalheira que os funcionários da Coroa praticavam em suas Colônias e que já parafraseei em crônica a que dei o título de “Pe. Antônio Vieira é convidado a pregar na Praça dos três Poderes”, crônica que está publicada em minha trilogia “um Olhar e Três Tempos.”
Aos meus queridos amigos e amigas, ofereço na página de leitura do nosso Site ,uma transcrição dessa parte do discurso do grande orador português, trecho que descreveria com propriedade o que está acontecendo no Brasil. Tenho certeza que vão gostar. Se rir ou chorar, não sei.
Falando sobre o festival de mentiras com que diariamente somos bombardeados , quero lembrar como a cultura americana, fundamentada nos princípios de sua Constituição centenária, percebe a mentira, ao contrário da complacência com que nós nos deixamos enganar , ou perdoamos a mentira e seus usuários incorrigíveis.
O Presidente Richard Nixon, em 1976 fazia sua campanha à reeleição, como a fez no Brasil a Presidente Dilma em 2014, ou como Lula em 2006. Durante a campanha, militantes do Partido Republicano, invadiram o Comité eleitoral do Partido Democrata-não mais que uma molecagem.
Eleito para o segundo mandato, Nixon , no exercício de seu cargo de Presidente, mentiu à Nação. Vejam, simplesmente mentiu o que aqui no Brasil seria considerado não mais do que uma esperteza, dizendo que não sabia. Dois jornalista, sem qualquer processo, sem qualquer Comissão parlamentar de inquérito, sem qualquer interferência Jurídica de qualquer Tribunal, provaram que ele sabia e portanto estava mentindo. Nixon renunciou à Presidência dos Estado Unidos para escapar do inevitável empiecheman.
Por que o mesmo não acontece no Brasil, onde graves mentiras, não molecagens, mas mentiras que trazem a instabilidade e matam a confiabilidade do país, como as que elegeram a atual Presidente, mentiras cujas consequências a Nação, nós, os brasileiros, estamos pagando ,e tantas outras mentiras pregadas diariamente à Nação, ditas com a maior desfaçatez, ou como se diz popularmente, com a maior cara de pau, verdadeira guerra de mentiras , como diziam especialistas há dias em programa na Tv. Diante disto tudo , por que nada acontece ?
Por que mentir, no Brasil, juridicamente não é crime, pois calam-se os Parlamentos e os Tribunais ,e moralmente não é pecado,pois calam-se as Igrejas ?
Entrei nessas questões que a todos nos afligem, meus amigos e minhas amigas e quase me desviei do assunto da reflexão de hoje: Retorno a ele: o Premio Nobel da Paz concedido a Barack Obama no inicio de seu primeiro mandato.
Em 20O8 Barack Obama não completara um ano ainda de sua eleição, quando recebeu o Nobel da Paz, por votação unânime do Comité Norueguês a quem cabe escolher o agraciado pelo Prêmio.
Na ocasião não faltaram críticas a essa concessão , críticas do tipo:
Obama nada fez por merecer o prêmio. OBAMA apenas falou. Apenas prometeu.
Multilateralismo ao invés da guerra fria ; paz e diplomacia ao invés de conflito, da guerra e do intervencionismo da era Busch e de outros que o precederam; iguais direitos entre os povos, no plano internacional e direitos iguais das minorias, no plano interno ; sustentabilidade ambiental, ao invés da destruição do Planeta.
Entre outras, essas algumas das propostas ou das promessas de Barack Obama .Em seu seus dois mandatos ,não há como negar que o Presidente americano pautou sua conduta por elas. Embora apenas algumas tenham sido l alcançadas, outras tiveram apenas avanços, outras nem isso. Mas do que o mundo conquistou com as propostas, dos passos dados na construção de uma sociedade diferente, não há retorno. Inclusive acompanhando a pauta da escolha do próximo Presidente dos Estados Unidos.
O que eu quero dizer, é que a semente lançada, a que deu frutos e a que ainda não deu, é parte sintonizada com a Massa de Consciência, essa Massa de Consciência que é também o fundamento, ou a certeza de nossa proposta de Participação e Solidariedade, Massa de Consciência que assim de passo a passo, acabará por transformar o mundo.
Na ocasião da concessão do Premio Nobel da Paz a Barack Obama, escrevi um Artigo para a revista dos Estados e Município ,dizendo que os Estados Unidos, ou o mundo jamais seriam os mesmos depois da eleição de um negro para a Presidência . Lembrava, que os Estados Unidos, há algumas décadas apenas , vivia mergulhado em conflitos raciais .Agora entregava a um negro os destinos da Nação. Elegia um pacifista, quando o pais mal saíra de uma guerra no Vietnam,ainda vivia os respingos da guerra no Afeganistão , e mergulhava na guerra do Iraque .
Não vou ler o Artigo, ou qualquer trecho dele , mas convido você meu amigo, minha querida amiga, a acessar a página de leitura de em meu Site:WWW……Participação e Solidariedade. Dedique algum tempo a pôr-se por dentro. Garanto que vale a pena.
Em resumo quero dizer, que a Real Academia de Ciências da Suécia, ao premiar alguém pelo que prega, pelo que propõe, ao invés de conceder seu premio sempre aos que colhem, deu um grande passo no sentido de reconhecer que é pelas ideias, pelas propostas, pelas sementes plantadas , que o mundo caminha e há de vir a ser um mundo melhor porque colher os frutos, é fácil, bem mais difícil é plantar sementes .Mas sem a semeadura, de certeza, não haverá a colheita.
O mundo caminha em razão dos valores em que se acredita, das sementes que se plantam, da massa de consciência que cresce ,e não por causa dos que colhem os frutos, dos que não tem sonhos, mas que acham, praticam, pregam e ensinam, que na vida, como na história ,basta ser prático, basta ser objetivo da objetividade reducionista deles, basta chegar primeiro.
Eu defenderia a concessão do Premio Nobel da Paz a Barack Obama, agora que ele deixa a Presidência, como o fiz então ao início de seu mandato, e porque sei, até por experiência de meu pequeno caminho, que se nem tudo foi feito é também porque há os que não acreditam, há os que se opõem, há os que não entendem nada nem do homem, nem da sociedade, nem da grandeza do mundo. Mas, apesar desses, as sementes foram plantadas, as plantas nasceram, e se tonarão floresta, por causa desses outros,os que a plantaram e apesar daqueles, repito, os que se opuseram.
Concluindo quero dizer que entre os maiores, nem Barack Obama, nem a Massa de Consciência caminham sozinhos. Quero me referir ao Papa Francisco, a mensagem e a forma de vida que ele oferece ao mundo, ou ,ele também à semente que ele está plantando .O Papa Francisco caminha junto dos que fazem a Massa de Consciência.
Não meu querido minha querida, quero dizer, por isto tudo, que nós não estamos sós, mas na medida da participação de cada um, do lugar e do espaço de cada um ,nós… eu e você, seremos semeadores da semente de um mundo melhor, mais humano, mais participativo e mais solidário. E estamos bem acompanhados.Veja, leia e comente. Curta e compartilhe. Grande abraço..