Meus  queridos, queridas amigas.

Em meio às muitas interpretações, ou interpretação nenhuma de milhões de pessoas afetadas de alguma forma pela pandemia que amedronta o mundo, vítimas do medo ou da angústia, desejo propor aos que navegam comigo na internet, esse esplêndido meio de comunicação que nos resta neste difícil momento, entre tantos meios que globalizam as pessoas- proponho, dizia que esta crise seja considerada especialmente sob dois aspectos:

O primeiro aspecto refere-se à fragilidade da Civilização em que vivemos a qual, de um dia para outro, se vê ameaçada em seus alicerces, nos fundamentos que inspiram sua organização e funcionamento, responsáveis pela profunda desigualdade entre seres humanos ditos iguais.

 Creio que a pandemia é mais um elemento da natureza a mostrar a extrema alienação desta  Civilização em relação às questões essenciais do homem, induzida, essa alienação, pelo materialismo da visão da vida e do mundo, pelo excesso de tudo que leva ao  consumismo desenfreado do inútil, do desnecessário tornado importante, ou essencial, pela força dos sistemas dominantes, que a moldam .

A força do marketing considerado em sentido amplo, manejado pelos sistemas concentradores e excludentes, molda a própria Civilização por induzir o modo de pensar e agir das pessoas de acordo com seus interesses, os interesses do lucro, do dinheiro, do poder, do hedonismo sem limites, da vida consumida pelas coisas e sem tempo para pensar, ou viver o essencial, quero dizer, a dimensão humana, social, cultural , espiritual, tudo esquecido, amortecido pelo supérfluo

Sob este aspecto quero dizer, até por ter sido questionado, se a crise que estamos vivendo, não constitui a ruptura a que tantas vezes  tenho me referido em meus escritos e que tenho posto à reflexão de meus navegadores, em nossas reflexões nas redes sociais, em meus livros e outros  meios, tendo sempre afirmado que virá, a ruptura, se não for promovida uma profunda transformação na organização social, ou na Civilização, nos seus fundamentos, em seus valores, em suas prioridades, na forma  como se vê e se vive a vida. Tenho certeza que essa transformação é possível e que, com a contribuição de todos, sua e minha, meu querido amigo, minha querida, essa transformação virá.

Aos que tem medo ou duvida , pois, quero dizer que não.  A crise desta pandemia não constitui a ruptura anunciada. Ela constitui apenas um sinal para os que tem os olhos abertos e querem entender, que esta Civilização que se imagina segura, na verdade é profundamente insustentável, fruto do excesso de concentração de tudo e de seu resultado: o crescimento continuo dos excluídos, do consumismo sem limites, da perda dos valores fundamentais inerentes  á dimensão humana, das pessoas e de sua organização social, e isto sim, acabará por nos levar alguma forma de ruptura de dimensão incalculável, se não for revertido, repito. Mas repito também, sei que será revertida e isto me dá a garantia da esperança, esperança psicológica e espiritual.

O segundo aspecto nos leva a refletir que essa pandemia demonstra, com evidência, a importância de retornar, ou construir, os valores essenciais que a essa Civilização da concentração, do consumismo exacerbado, do pretenso domínio de alguns, pessoas ou países, sobre outras pessoas ou outros países, da prioridade ao supérfluo, essa civilização em decadência esqueceu, dizia, ou ajudou a fazer esquecer, valores essenciais ao homem e à convivência humana, repito, que fazem a verdadeira Civilização, direi a única forma de lhe dar dimensão humana e sustentabilidade.

Entre esses valores, cito em primeiro lugar, a igualdade de todos os homens. De repente o vírus, simples instrumento da natureza, não respeita classe social, país, nacionalidade ou qualquer outra característica que costuma separar as pessoas, ou as nações: os nacionalismo, as raças, a riqueza, o dinheiro, o poder, as religiões, as ideologias .

Por isto os 2 trilhões de  dólares que Trump destinou aos 330 milhões de americanos para  combater o vírus, que significam apenas 10 % de seu produto interno bruto, mas  que corresponde a 100% do produto interno bruto brasileiro, e mais do dobro do produto interno bruto de vários países com população em torno de 200 milhões de habitantes, como a Nigéria, Bangladesh ou o Paquistão, os 2 trilhões de dólares não impediram, dizia, que a Nação ainda líder do mundo, ao menos em riqueza e poder, esteja colocada  nesse momento entre os países com o maior número de óbitos ou de pessoas afetadas pela pandemia.

Apesar das diferenças que teimam em manter, a natureza não toma conhecimento das diferenças…somos todos iguais, pessoas, raças e Nações.

 No entanto, apesar da desigualdade para a qual nos alerta a natureza, ações de solidariedade se multiplicam pelo mundo, não apenas entre pessoas, médicos, igrejas, instituições as mais diversas, mas até entre países, onde se pode ver cenas as mais inesperadas, quando, por exemplo, vemos  médicos chineses desembarcando com equipamento para auxiliar na Itália o combate ao trágico vírus.

Enquanto isto, e em contraste, na própria China se negocia com quem dá mais pela entrega dos equipamentos, que deveriam ser disponibilizados ao mundo e foram desviados pela prepotência de quem concentra o poder  e a riqueza do mundo…a denúncia é do Ministério da Saúde, mas não tenham dúvida que, ao salvar pelo método da prepotência disponível alguns americanos e somar outros tantos eleitores, Trump responderá diante da Justiça, pelos mortos de outros países,especialmente os mais pobres, inclusive do Brasil. 

 Infelizmente, da mesma forma como há empresas e países, há também pessoas assim, que se valem da prepotência, cada uma a seu nível, seja as que exploram no preço do gaz de cozinha, dos medicamentos, dos supermercados, os falsificadores de produtos, os que usam de seu poder ou de sua riqueza para ocupar espaços econômicos, políticos ou de outra ordem… Mas em contrapartida, há milhões de pessoas que participam, que são solidárias.

Solidariedade, milhões de pessoas em todos os níveis participando, cada uma também a seu modo, ainda que correndo riscos de toda ordem, até da própria saúde ou da própria vida. Essas pessoas e instituições enobrecem a espécie humana, e redimem  a humanidade de seus desvios ou de seus pecados.

Nesta perspectiva, ao mesmo tempo em me refiro especialmente à pessoas e instituições da área médica ou da saúde, lembro funcionários de atividades essências que fazem a sociedade  funcionar, e lembro também pessoas que contribuem com aquilo que podem contribuir para salvar vidas, ajudar os que necessitam de ajuda, pessoas, como a Nilceia que fabrica máscaras caseiras para distribuição gratuita, a Marina que distribui quentinhas a motoristas de caminhão  que transportam alimentos e outras mercadorias essenciais para que a sociedade sobreviva no essencial, o Pedro e o Severino enfermeiros aposentados, ou centenas de militares da reserva que se apresentaram voluntariamente à porta dos hospitais, ainda que seja só para ajudar na triagem, ou para contribuir para a segurança pública e tantos outros, eles e elas, parte da massa de consciência solidária e participativa. Esses contrastam e redimem, se houver redenção, os que pregam e praticam o egoísmo, os que  se valem da crise para faturar seus próprios interesses, seja na política ou no dinheiro, pregando e praticando a desunião, a discórdia e o ódio, em vez da união e do amor, o conflito em vez da paz.

Que a curiosidade doentia de parte da sociedade, ou que o impulso de somar pontos de audiência ou de  acesso de parte dos meio de comunicação à custa de espalhar o pânico no lugar da notícia, o desespero no lugar da esperança, a revolta no lugar da fé, não nos desvie do tempo que nos é dado para refletir sobre em que sociedade vivemos, que sociedade  estamos construindo, ou quê futuro vamos legar para nossos filhos

Que esta pandemia desperte de vez a sociedade, cada pessoa ou cada instituição, para a necessidade e a urgência de que, quando se sair da angústia ou do doloroso túnel deste momento de provação, se convençam da necessidade, da dimensão e da urgência de promover e contribuir na construção dessa nova sociedade, uma nova Civilização Participativa e Solidária, justa, fraterna, amorizada, capaz de assumir os verdadeiros valores, parte essencial do ser e do conviver das pessoas e da sociedade.

Gravo este reflexão, ou mensagem no primeiro dia da Semana da Paixão. Que o sofrimentos do mundo e de cada  pessoa, se una à mensagem e ao sofrimento redentor de Jesus Cristo e nos traga a certeza de que após o sofrimento virá a Ressureição 

Dê sua contribuição refletindo, meu querido amigo, minha querida comentando, compartilhando. Aqui de meu retiro, receba meu grande abraço.

Leave a reply

required

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.