– Vai meu grito de alerta, ou brado ou guerra aos louros e conspícuos sábios da Real Academia de Ciências da Suécia que distribuem o cobiçado prêmio em coroas e títulos indignes, herdados do Sr. Nobel, em memória perpétua de seu nome ilustre amante da paz que nas horas vagas fabricava canhões.

– Vai de longe o meu pedido humilde aos grãos – senhores, lordes da Suécia que da beira de seus fiordes e de suas geladeiras (dez milhões de homens que envelheceram como bois cansados esquecidos em seus quase cemitérios coletivos, – ghetos vagamente vivos – ou como elefantes esperando a morte à beira das veredas ancestrais cheios de melancolia e de tédio mortais) lordes da Suécia, que a beira de seus lordes se suicidam aos noventa anos, empurrados que foram até lá pela expectativa de vida que não pediram (mas que veio como consequência inevitável da existência das mesas fartas satisfeitas ou das vitaminas abundantes e dos hormônios artificiais extraídos dos carneiros e de outros animais disponíveis, jovens e sexualmente ativos) lordes prontos e realizados que se matam de tédio por não terem o que fazer ou porque não descobriram, pela abundância de vida disponível, que viver é mais importante que fazer e nesta lógica das circunstâncias se suicidam, usando gás letal, ou doses excessivos de tranquilizantes, u uma corda apertada ao pescoço fazendo o coração parar o coração coitado, ele que só sabia bater e amar e que agora restou só e morto como passarinho caído do ninho e morto no chão, sem mais voar, sem mais bater, sem mais amar) meu apelo aos Lordes da Suécia… que da beira de seus fiordes e de suas geleiras ouçam meu grito ou brado de guerra (oh grãos-senhores da Real Academia de Ciências da Suécia)  para que, pelo menos uma vez, atribuam o prêmio Nobel de Economia aos pobres do terceiro Mundo (em geral morenos, esquálidos, e quase sempre inválidos, tristes e magros habitantes de embaixo do Equador;) pela incrível descoberta de como continuar vivendo sem renda e sem nada (apenas com sua fraca moeda desprezível e desprezada, endividada e irrecuperável moeda inaceitável moeda do terceiro mundo incapaz de pôr à mesa o pão e o vinho, mas para quem pôr, senão se tem nela o que pôr, ou vinho ou pão?

– o prêmio Nobel de Economia aos pobres do terceiro mundo que, sem qualquer equação econométrica ou fórmula aritmética ou mágica cabalística conseguem empurrar sua esperança de vida até os trinta e oito ou quarenta anos, e mais, se a morte não for esperta e não estiver alerta como sempre está, mas neste caso, da esperteza da morte, a qualquer momentos eles estão prontos para partir com a dignidade da doença incurada, da fome, ou da subnutrição, sem ter que usar o tiro, a corda, o tranquilizante, ou mesmo o gás letal, que com eles a própria natureza cumpre sempre sua função. Por favor, ouçam meu grito, sábios doadores do Prêmio Nobel, da real Academia de Ciências da Suécia, ao menos uma vez atribuam o Nobel de Economia aos pobres do terceiro mundo, pelo milagre da sobrevivência que praticam todos os dias sem alarde e sem ostentação apenas na humildade de esperar dia após dia que a morte não lhes chegue hoje, mas que espere o amanhã, pelo milagre da sobrevivência que praticam todos os dias sem alarde e sem ostentação apenas na humildade de esperar dia após dia que a morte não lhes chegue hoje, mas que espere o amanhã.

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