duplo-caminho
Queridos amigos, queridas amigas. Sei que na época em que vivemos, onde a mídia nos atrai por slogans,  marquetizados e com pouco compromisso com a ética, ou com a verdade ,onde o tempo nos é consumido, ou roubado, por toda espécie de atrativos, convidá-lo para  dedicar 20 minutos de seu precioso tempo para uma reflexão maior sobre as realidades que nos cercam e que nos preocupam, é um pouco remar contra a correnteza. Mas agradeço se você me acompanhar, comentar, compartilhar , enfim difundir essas reflexões.

Neste sentido, como brasileiro, desejo propor-lhe uma reflexão sobre  esse momento difícil porque passa o Brasil, cuja vítima  somos nós, brasileiros, e são as instituições nacionais.  Quero  sobretudo refletir com vocês  sobre os caminhos eficazes, e possíveis, para sairmos dessa crise,  afim de que possamos construir o País que poderíamos ser, que desejamos ser, mas que  só seremos ,se soubermos encaminhar o país para  os rumos certos, através de  um projeto nacional competente, que nos indique esses caminhos e as formas de percorrê-los.
Infelizmente o Brasil não tem um projeto de desenvolvimento nacional. Infelizmente também não vejo quem se preocupe para fazê-lo. Refiro-me aos partidos políticos, aos órgãos governamentais que deveriam propô-lo à sociedade. Refiro-me também às universidades e à outras organizações sociais, CUJA VISÃO EM GERAL SE RESUME À SEUS INTERESSES ESPECIFICOS, SEM UMA PREOCUPAÇÃO DE DIMENSÃO NACIONAL, que inspire esse projeto..
O que estamos a ver sobre a superação da crise, ou sobre os rumos a seguir, não nos levarão ao País que sonhamos, ou à posição que o Brasil poderia chegar, podendo ser um modelo de uma nova sociedade participativa e solidária, socialmente desenvolvida e sintonizada com os avanços da Ciência e da tecnologia
Digo isto, queridas amigas e queridos amigos, que o Brasil poderia ser um modelo de sociedade, não por razões românticas ou por ufanismo, mas por razões de ordem geopolítica, de nossas riquezas  naturais e das caraterísticas de nosso povo. Dentre essas características posso realçar especialmente, a tolerância, a convivência pacífica, a capacidade criativa, a solidariedade, e tantas outras que fazem parte de nossos valores essenciais.
No entanto, sem um projeto nacional podemos dizer que nosso sonho nunca será realizado por maiores que sejam nossas qualidades, ou a riqueza de nosso território. Na falta desse projeto, as ações dos Governos, como  o esforço da sociedade, acontecem , de forma pontual, ou errática, em resposta à interesses setoriais, ou locais, quando não apenas aos interesses de pessoais, eventualmente até  legítimos esses interesses, mas que, erráticos e pontuais ,são incapazes de inspirar um projeto nacional.
Na falta de um projeto nacional, a ação governamental acontecendo dessa  forma errática e pontual ,o atendimento a interesses individuais prevalecendo sobre os interesses da sociedade abre o caminho para a ineficácia do governo ,como abre perigosamente a porta para a perda da ética ,para a corrupção generalizada no governo e na sociedade .Não  é isto o que está acontecendo com o Brasil?
É esse  caminho nos levará, como se diz, ao fundo do poço  se não tivermos vontade e competência suficientes para revertê-lo. Alguns indicadores de onde  estamos, ainda que já conhecidos, são escondidos ou maquiados pela esperteza ou pela incompetência dos Governos e dos governantes.
 Infelizmente também não constituem objeto das preocupações das instituições sociais , entre elas, as empresas que se envolvem  em toda espécie de desvios, e quero me referir também  às universidades que, fechadas em seu mundo acadêmico, ou em seus problemas específicos, não chegam a atuar em profundidade sobre as questões nacionais, contribuindo na  reversão desse caminhos equivocados. Sob esse aspecto, infelizmente é preciso dizer o Brasil também não pode contar com elas, com as universidades.
Não posso deixar de referir-me também à mídia que, ao transformar esses dados em simples informação ,não atenta para a dimensão real do que eles significam para o país.
No entanto, o correto e frequentemente corajoso diagnóstico, é o ponto de partida para  a cura das enfermidades, e tanto mais corajoso e correto deve ser o diagnóstico, quanto mais grave for a enfermidade. A ocultação  dos sintomas da doença, não cura. A mentira não vale. A maquiagem do que está acontecendo, não vale. A compra do silêncio ou do discurso não vale.
 Essa forma espúria de ser ou de comportar-se dos governos ou dos que governam, prostituindo as instituições em proveito próprio, ou do partido, ou  da ideologia, ou de seu projeto do poder, não pode continuar prevalecendo..
 No entanto, meus amigos, minhas amigas, é por causa da  adoção de todas essas formas espúrias de governar, de priorizar interesses próprios, do poder, da ideologia, dos partidos, dos grupos, é também por causa do esquecimento dos princípios éticos por segmentos da sociedade, é por isto tudo que estamos  sendo levados ao fundo do poço.
É à luz dessa dolorosa  realidade que o Brasil está  vivendo, que desejo analisar com vocês  alguns indicadores desse percurso que nos levará à frustração, ou ao fundo do poço, se não for revertido à tempo.
Recuperar os padrões éticos do governo e da sociedade, constitui um pressuposto para retomar o caminho sonhado, e possível, de sermos uma sociedade desenvolvida, participativa e solidária. Dessa tarefa, ninguém pode esquivar-se, nem a família, nem os grupos sociais, nem as universidades,
No que se refere à administração pública, quero me referir à desorganização das estruturas de poder, onde  ministérios e outros órgãos públicos se multiplicaram para atender interesses pessoais, partidários, de grupos, ou simplesmente de conquista ou manutenção do poder. O Estado se desvia de seu compromisso com o bem público o que faz com que a sociedade pague um alto preço, que não é essencialmente custo financeiro, mas é  sim o custo da ingovernabilidade, porque nenhum Governo, nenhum órgão  de controle, tem condições de articular, supervisionar, desenvolver e controlar ações governamentais, garantindo um mínimo de  competência, ética e eficácia.
Quero me referir a uma segunda questão de especial importância, se se desejar efetivamente por o Brasil no rumo do País com que sonhamos.
REFIRO- me ao excesso de concentração no Governo Federal ,que torna a Federação brasileira apenas uma palavra, não um forma desconcentrada de organização do País, como deveria ser. Agrava-se essa concentração na medida em que o poder se concentra no Executivo, que, dessa forma, interfere  de forma legítima ou ilegítima, no legislativo e no judiciário. Se na concentração federal do Poder, os Estado que compõem a Federação se transformam em Províncias, ou quase satrapias do poder central como na antiga Pérsia, no segundo caso, a concentração do Poder no Executivo, torna letra morta o preceito constitucional da  independência e harmonia entre os poderes.
Estamos vendo, e colhendo, as consequências dessa concentração.
A terceira questão que é necessário considerar, refere-se à situação real do Brasil, diante do mundo, neste mundo globalizado e interdependente. É necessário tomar consciência, exatamente por causa disto- da globalidade e da interdependência, da real situação do Brasil, face às Nações do mundo.
Isto significa dizer que não devemos ter medo, ou que não devemos nos deixar nos enganar, quando nos escondem um diagnóstico realista da posição do Brasil diante das Nações do mundo e nos deixamos enganar por dados maquiados que nos apresentam um País róseo, diante do mundo, querendo nos convencer de que resolveram nossas questões referentes à saúde, à educação, aos avanços tecnológicos, enfim, aos indicadores de nossa posição diante do mundo.
Os números que dou a seguir, não são números de pessimismo ou de quem não crê no futuro do Brasil. Ao contrário. São números que devem significar para nós um  diagnóstico realista de onde estamos, da gravidade de nossa doença, números que nos indicam com clareza os remédios adequados e necessários, ou as prioridades do que deve ser feito, para vencer a doença.
Não meus queridos, ter a coragem de assumir o diagnóstico da situação a que estamos reduzidos nesse mundo globalizado não é nenhum complexo de guaipeca, expressão que a criatividade da incompetência inventou. Mas significa que temos a consciência e a certeza DE QUE TEMOS COMPETÊNCIA E QUALIDADES, OU CONDIÇÕES SUFICIENTES ,PARA VENCER A DOENÇA E PROSSEGUIR NOSSO RUMO  na construção do país que queremos. Higienizado de tudo o que estão fazendo com ele, e liberto das mentiras ou meias verdades com que somos iludidos.
Não nos deixemos enganar pelos que nos dizem que estão resolvidos, ou que resolveram nossos problemas da economia ,da educação, da saúde, da moradia, da fome, do bem estar, da renda, do emprego, das finanças, enfim…ou que nos convençam de que os males que há no Brasil são consequência dos males do mundo, de que somos vítima desse males, que a economia vai mal, porque o mundo vai mal.
Segundo o FMI, o tamanho de nossa economia, ou do nosso PIB, que nos colocava  como a 7ª economia ,no ranking das maiores economias do mundo, já considera que caímos para o 9º lugar. Isto significa dizer que os outros crescem, enquanto nos patinamos, ou regredimos.
Outro indicador :  segundo o Fórum Econômico Mundial no que se refere a nossa capacidade competitiva, ou seja da eficácia de nossa capacidade de produção, em pesquisa conjunta com a brasileira Fundação  D. Cabral, O Brasil que estava situado já no  constrangedor 57 º lugar, regrediu agora para o 75º lugar, enquanto nós, brasileiros, amargamos  nosso recuo de  quase 4% do PIB ,um dos piores desempenhos do mundo.
Enquanto isto também, segundo dados da OCDE entre os países que compõe o Grupo dos 20,o Brasil está em 3º lugar entre os maiores  índices de inflação ,posição que se repete se a comparação for feita com os 36 países associados à mesma OCDE, mais as cinco maiores economias não associadas: Nesse grupo, estamos em 39% lugar, ou seja no antepenúltimo.
Porque chegamos a essa situação? Respondo
P0rque a educação no Brasil, está longe de responder às necessidades de uma sociedade desenvolvida ou de nos inserir numa sociedade global.
No ensino superior temos em torno de 15 jovens na universidade em cada grupo de 100 jovens entre 17 e 23 anos. Nos países do primeiro mundo, esse número caminha para os 100%,na ideia de que é preciso preparar toda a sociedade para viver num mundo onde o entendimento de toda a ciência e o uso de toda sua aplicação, a tecnologia ,exige a formação superior e não apenas  o mercado de trabalho. Nosso ensino médio continua muito mais voltado a preparar alunos para exames que lhe abram as portas para a universidade, do que para dar um sentido prático para a vida, incluído o trabalho.
Enquanto isto,  entramos no terceiro Milênio com uma taxa escandalosa de  12% da população ainda analfabeta, de outros  40% que não concluíram a educação básica e, dentre os que a concluíram.  em torno de 60% podendo ser considerados analfabetos funcionais, isto é –instrumentos de vida. Para a educação da criança na primeira faixa, dos 0 aos 6 anos,  atendemos pouco mais de 30% de nossas crianças.
Segundo dados da OCDE ,entre os 36 países associados, o Brasil ocupa o constrangedor 35º lugar e, numa análise maior, abrangendo 76 países ocupamos o 60º lugar, ou o 88º lugar, analisados 127 países pela Unesco, como sabemos, o órgão da Organização das Nações Unidas, para a ciência e a cultura.
Enfim, quando analisamos nosso ensino superior vemos que, no ranking das melhores 100 universidades  do mundo, o Brasil inclui apenas uma universidade- a USP, de São Paulo. No entanto, mesmo a USP que nesse Ranking se situava na faixa entre o 50º e o 60º lugar, neste ano regrediu para a última faixa ou seja, entre o 90º e o 100º lugar.
Deixando á reflexão esses dolorosos  números referentes à educação, meu querido, minha querida, devo ainda refletir com você sobre outra dimensão humana, outro dos direitos essenciais para  preservação da SAÚDE E DA vida DAS pessoas.. direito, portanto universal Refiro-me exatamente à situação da saúde, chamando atenção para mesma pergunta: Porque chegamos a tal situação, diante do mundo?
Segundo a Organização Mundial da Saúde,(OMS) no ranking elaborado com base na situação da saúde em 191 países, o Brasil ficou situado no 125º lugar. Isto explica as dolorosas cenas, que só os responsáveis parece não ver, pelos corredores e pelas salas de espera dos hospitais, ou a vergonhosa marca dos meses de espera para marcar uma consulta ou uma quimioterapia para uma pessoa que sofre, às vezes até em estado terminal, como aconteceu com  meu amigo Seu Pedro, raizeiro, e acontece todos os dias com milhares de brasileiros anônimos.
 Por não reconhecer tal estado mas marketizando que tal programa, ou que tal proposta resolveu, ou resolverá, o problema da saúde no Brasil?
Em outro ranking, agora da Agencia Bloomberg, respeitável Instituição de pesquisa e monitoramento da transparência, em 48 países pesquisados sobre a eficiência  no uso dos meios de promoção da saúde, ocupamos, outro doloroso 48 º lugar.
Entre esses meios, devo referir-me  especialmente ao saneamento básico, requisito mínimo para uma habitação digna e essencial instrumento para a saúde pública .Pois bem. Estudo divulgado pelo Conselho Empresarial Brasileiro pelo Desenvolvimento Sustentável, o Brasil ocupa um deprimente 112º lugar num ranking de 200 países pesquisados,
Entendem, meus queridos, minha querida, o porque do inconformismo da sociedade, aquela parte da sociedade que não se  beneficia do poder ou de outros meios de acumular benefícios e privilégios de toda ordem?
Diante dos números, que não são só números pois por trás deles estão milhares, milhões de pessoas, de brasileiros que  sofrem, é preciso ter coragem de conhecer a doença, aceitar o diagnóstico por mais doloroso que seja, como  condição de aplicar o remédio certo, adotar as medidas necessária á cura. É hora, para evitar que a doença se agrave e que o paciente morra.
Os últimos acontecimentos, revelaram uma parte da doença que assola o país. Esta é a outra parte, da qual  não podemos  fugir ,mas  que temos que ter a coragem de assumir e nos convencer que são essas questões que deve ser postas e  cobradas dos que vão governar o Brasil e que devem fazer a parte, a espinha dorsal, de um novo projeto nacional, que não pode voltar a ser apenas um projeto de poder, mas um compromisso com a sociedade, um compromisso capaz de tornar realidade o País com que  sonhamos, para que o sonho não se transforme mais uma vez em uma  nova ilusão. .
Só que  não é suficiente por um basta aos desvios. Agora é preciso reconstruir o Brasil, fazer dos sonho a nova realidade.
Reflita comigo, comente, compartilhe. Grande abraço.
 

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