PELA COMEMORAÇÃO DOS MEUS  80 ANOS
21-23 DE JULHO DE 2016
I-Saudação
Quero que mais do que a comemoração desses 80 anos ,esse evento seja a comemoração de mais um encontro de  família , de pessoas  unidas,que se amam, pais e filhos, noras, genro, netos, irmãs, cunhado, primos,sobrinhos e todos os mais queridos amigos.Nem o aniversário,nem o aniversariante são importantes.Importante é o Encontro.
Quero dizer também que esse encontro, não é só o encontro de minha família unida por laços de sangue. Vejo aqui presente  uma família maior,com se  fosse  extensão da minha própria  e assim realmente é.
A essa outra família, ligam-me laços mais além do que os  laços de sangue,laços igualmente fortes,capazes de unir as pessoas:
– a amizade,a solidariedade,  o amor,o mesmo amor,a que se soma a identidade de vidas que se encontraram através dos  mesmos  valores  e das mesmas aspirações compartilhadas.
Foram esses valores e aspirações que nos aproximaram num determinado momento de nosso caminho, que nos uniram de formas diversas em cada caso, mas todas essas formas tão significativas para mim e ,tenho certeza, também significativas para cada um de vocês.
Afirmo isto, porque, se não fosse verdade, não aconteceria aqui a alegria desse Encontro, deixados seus  outros compromissos de ordem profissional,familiar,ou de qualquer outra ordem.
Quero dizer, que para mim este Encontro assume ainda um outro significado tão grande ou mais amplo que este.Em vocês, que  vieram, vejo representados os milhares de amigos que , como vocês de tantos lugares,de Sta. Catarina, da UNISUL, do Tocantins, de Goiás ou daqui,de Brasília,ou ainda de outras partes,se tornaram parte de minha vida,nesses longos 80 anos.
Nessa perspectiva,quando saúdo vocês,caros amigos, estou saudando a todos,meus queridos, a todos esses milhares ausentes desse Encontro, mas presentes em meu coração e em minhas mais caras lembranças.
Tenho a pretensão de completar dizendo, como também eu devo estar na lembrança deles
Entre tantas lembranças dos ausentes, quero referir-me, de modo muito especial, a meus pais Seu Gregório e Dona Iza, quem não os lembra? A eles devo muito mais que a vida, a vida biológica. A eles devo muito, muito  do que sou,ou do que possa  ter sido no  mais profundo de mim,desde o começo e por toda a vida,até agora.
No mesmo sentido, quero lembrar minha irmã que Deus levou, ela, o apoio,a confidente de tantos momentos, tenham  sido alegres ou tristes esses momentos. A Ir. Miriam, duplamente irmã, foi de um modo especial, uma constante em minha vida. Infelizmente Deus a levou cedo demais para todos nós, mas sei que Deus a levou para dar-lhe a recompensa merecida de quem passou a vida para fazer e para espalhar o bem…
Fazer o bem. Nesse mesmo entendimento quero me dirigir a vocês minhas irmãs, todas, cada  uma a seu modo, exemplos para mim de como se possa chegar e ultrapassar os 80 anos com a dignidade de uma vida vivida na  plenitude da  vocação de cada  um:
Annita, consagrada a Deus e ao próximo, especialmente a nossos pais por  quase 20 anos, Esther,esposa e mãe,educadora de uma  família muito querida,exemplo de união,fé e retidão de convicções e condutas, Irmã Conceição, religiosa,servidora  de suas irmãs,na humildade como nas distâncias do mundo. Quero nomear também você, Raulino, cunhado, que ocupou em meu coração e em minha  vida ,o lugar do irmão, que não tive .
Enfim, a Aurora. Deixei para nomeá-la por último dessa seqüência, porque parte de mim, ela se tornou parte de nós  nesses  cinco maravilhosos filhos com que Deus presenteou nossa união de mais de  50 anos .Vocês,meus filhos,são testemunhas  que ela se tornou parte de mim, e de nós,esteio de nossa família, em  todos os momentos,tenha sido cada momento feliz ou menos feliz,fácil de ser vivido ou difícil.
Ela foi, é, e continuará sendo, o anjo bom, o anjo solícito e acolhedor, que nos fez família, quase a família com que sonhamos ser, a família que somos e,tenho certeza,como haveremos de continuar sendo para sempre.
Qual o sentido desse Encontro ?
                                       II- O sentido do Encontro
É pelo significado de todas essas coisas, meus queridos, que fiz questão que mais do que festa de aniversário esse fosse  um momento de Encontro, de ação de graças a Deus em primeiro lugar,presente de modo especial pela celebração da Missa,Frei Marcos, caro amigo.
Desejo,no entanto, meus queridos, que essa ação de graças se complete agora em continuidade, no amor, na amizade e no carinho, expressos em cada abraço, em cada olhar, em cada sorriso, em cada palavra trocada entre nós,e também no alimento servido,em cada mesa,vindo  do trigo e da uva,como o serviam nossos antepassados,”i nostri antenati.”
Que esse alimento seja  agradável para o corpo e para os sentidos,mas que tenha a dimensão do encontro de nossas  almas.
Quis dar esse significado maior a esse Encontro lembrando nossos antepassados, vindos das terras longínquas,-“i nostri antenati” mas que estão presentes em nosso coração e em nossas vidas,pelo exemplo de coragem,de fé,de trabalho e de vigilância “vigilantis et productibis”, numa homenagem àqueles que trabalhando,vigiam, significado   gravado em nossa marca de família e que  reproduzo no pequeno brinde,que vocês vão levar como  lembrança desse Encontro.Encontro de famílias…
Qual o sentido da Família?
III- O sentido da Família
Da mesma forma, porém, como neles, nos que vieram, encontro o passado encontro as raízes, em meus filhos e netos vejo o futuro, porque a família,nós,não somos apenas esse momento,o agora.Somos uma verdade que se realiza na história e existe para a eternidade.
Nós, individualmente, nossa família, estamos desde o começo na mente de Deus e nEle estaremos para sempre,como o fim,o objetivo que dá  sentido á vida ,à nossa vida . Nunca talvez, como aos 80 anos, tão clara se faz para mim essa   verdade
Por todas essas razões, a todos quero transmitir minha profunda convicção que ninguém entre nós é, ou deve sentir-se solitário ou isolado do mundo, das coisas ou das pessoas, porque é esta  perspectiva que nos permite afirmar que “ninguém de nós é,há de ser,ou de sentir-se uma ilha”, digo isto parafraseando Tomaz Merton,o monge californiano.
E vejam que Tomaz Merton alertava para essa tentação do isolamento, do individualismo, da quebra de laços que unem as pessoas, ainda em meados do século passado,quando a dimensão das coisas ainda não induzia tanto as pessoas como induz hoje, a se separarem, a viver cada um egoisticamente sua vida, rompidos seus laços de hoje, suas raízes do passado,ou sua solidariedade  do presente ,ou ainda seu projeto para o futuro,ou sua  esperança de que um mundo melhor,mais solidário,mais participativos,é possível .
Tenho certeza que bem  o sabem os que dedicam alguns minutos de seus dias para acompanhar-me nas redes sociais.
Quero agradecer àqueles que assim fazem, e deixar meu convite a todos para que venham se associar a esses esforço pela construção de um mundo melhor .Os que vierem aceitar esse convite,tenho certeza,terão o agradecimento,não o meu ,mas o agradecimento das futuras gerações, as gerações de nossos filhos,de nossos  netos e dos filhos e netos de nossos netos.
É essencial que cada um dê sua contribuição, de seu lugar e de seu espaço, porque nunca como hoje as estruturas induzem as pessoas a perder a solidariedade que deve uni-las entre si, ou na própria família, solidariedade que é parte da condição humana, e de certa forma  de toda a natureza,como nos ensinam as árvores,onde  a existência do fruto depende das raízes,que dependem do solo,que depende da chuva.
Quero dizer que entre as pessoas, como na família, perdida a solidariedade, valorizado apenas o egoísmo, apenas as coisas, já não  haverá mais tempo ou espaço para o Amor.
E quando não houver mais Amor,meus queridos,não haverá mais tempo e espaço para  a sobrevivência de um mundo humano,humanizado  e então sim, as famílias, como as pessoas,os pais,os filhos,os irmãos,os amigos.serão apenas  ilhas perdidas nos mares da vida,ou no vazio do egoísmo de cada um…
Mas, qual o sentido do Amor?
IV- O sentido do Amor
Ao concluir, de tudo o que disse,quero resumir tudo dizendo que do passado somos herdeiros não só do sangue, mas sobre tudo do espírito, o que quer dizer, de valores, da fé, valores  vividos no passado, participados e transmitidos para as gerações que se sucederam, e espero que para as gerações do futuro, continuando,esses valores, a serem  vividos e transmitidos também de geração a geração,como foram no passado
Torno a citar o exemplo da árvore, que das raízes busca a seiva que lhe dá vida,e lhe produz  as sementes, que farão nascer novas árvores  sucessivamente ,e as novas árvores,produzindo novas sementes, geração após  geração,eternizam dessa forma as florestas.
Uso essa imagem da árvore e da floresta, vendo a beleza das árvores,ou da floresta que nos rodeiam, e sentido delas a voz da natureza,de que somos parte.De que somos parte,sim,meus queridos. A natureza de que somos parte, e que Deus nos deu para que velássemos por ela
Se esse processo solidário for interrompido já não haverá mais árvores, e não haverá mais florestas. A natureza terá sido frustrada..
Se perdermos a nossa herança já não  haverá mais famílias e será frustrado o projeto do Amor..
Herdeiros, pois, somos também transmissores de um patrimônio, na sobrevivência ou na construção de um mundo  humano,solidário,participativo, amorizado, como é minha  insistência em repetir, discípulo confesso que sou da antropologia de Teilhard de  Chardin, ou do patrimônio que nos legou Jesus Cristo.
Desse patrimônio, creio que o essencial,a seiva que tudo vivifica,é o amor,” o amor que resume  toda lei e os profetas”.
Não sou eu quem  diz que o amor substitui toda lei e os profetas Foi Jesus Cristo.
Ou o disse também Dante Alighieri em sua percepção poética do mundo ou do universo ao afirmar que” é o amor que  sustenta o sol e todas as estrelas.”
OU ainda, como ensinou o Apóstolo Paulo, na mesma percepção da essencialidade do amor  :” todas  as coisas passarão, passará a fé, passará a esperança,mas o amor este permanecerá por toda a eternidade.”
É isto meus queridos. Isto é o essencial: que nos amemos. Este é o patrimônio essencial que recebemos por herança, e que, pessoalmente, levei 80 anos para aprender em toda sua dimensão.Digo dimensão maior porque em sua plenitude, a plenitude do amor só a entenderemos no encontro final com Ele-o Amor,princípio e fim de todas as coisas.Deus.
Torno a citar  São Paulo porque ele nos  alertou também que: “nEle,no Amor,  somos, nos movemos e existimos”:Sto Agostinho,por sua vez,em suas Confissões complementa nos ensinado que “todas as coisas foram feitas  para o homem e o Homem para Deus”.Esta é,meus queridos,a ordem natural das coisas.Esta é,em conseqüência, a ordem e o sentido do Amor.
Sou imensamente grato a cada um de vocês, pelo carinho com que vierem participar desse Encontro, sob o céu das estrelas  e nesta terra,em comunhão com a natureza. .Sejam todos bem vindos.
Espero que possam ter uma maravilhosa noite, e que dessa maravilhosa noite, possam levar para toda a vida a melhor lembrança: o Amor. De todos, este é o melhor presente que lhes posso  oferecer .
                                        
V- Agradecimentos
TERMINO com duas palavras finais aos mais queridos de todos, segundo a ordem natural das coisas. Aurora, Jaison, Leslie,Yuri,Glauber e Christian,esposa , queridos filhos e  suas esposas e esposo,filhas e filho que recebi de graça no meio do caminho.
A vocês, meu muito OBRIGADO por sua dedicação, seu carinho e seu amor no preparo desse Encontro, conseqüência e resultado, esse Encontro, da dedicação,do carinho e do amor,que me deram por todos esses longos anos com  que a vida generosamente me  presenteou.
Muito obrigado a vocês e a todos muito obrigado.
Osvaldo Della Giustina

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